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Ide por todo o mundo e fazei muita bagunça

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Aleteia Vaticano - publicado em 30/07/13
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No centro das comemorações da JMJ está Jesus Cristo, que continua presente em seu vigário, na sua Igreja e especialmente na Eucaristia
A última semana no Rio de Janeiro foi uma enorme, gloriosa e inesperada bagunça. Choveu durante a visita do Papa, mas o tempo úmido e frio só parecia estimular o entusiasmo e a determinação de todos. A comitiva ficou presa em um engarrafamento, mas isso só fez o Papa Francisco chegar a conhecer e tocar mais pessoas. O local escolhido para a grande Missa final virou um lamaçal, fazendo os organizadores transferir o evento para a praia.
 
A energia e imprevisibilidade do Papa surpreenderam seus assessores e causaram dor de cabeça aos seguranças, deixando sua comitiva esgotada. Se existe alguém que sabe combinar sua mensagem com sua vida e suas ações, este é o Papa Francisco, que fez uma bagunça e convidou os jovens católicos do mundo inteiro a fazer o mesmo.
 
O novo Papa não só escolheu o nome de Francisco, mas parece ter sido inspirado pela vida e pelo caráter do Pobrezinho de Assis. São Francisco era conhecido por viver a sua vocação com ações inesperadas, dramáticas e memoráveis.
 
O santo se despiu e deu tudo para o seu pai terreno, a fim de seguir o seu Pai celestial. Andou descalço na neve esperando ser recebido pelo Papa Inocêncio. Pregou a um lobo, às aves e ao sultão. Beijou leprosos e cantou hinos ao sol, à lua e às estrelas. Ele vivia o que pregava e pregava o que vivia.
 
E o Papa Francisco vive o que prega de forma consistente e constantemente profética. Todas as suas ações têm significados mais profundos. Quando visitou os pobres, os viciados e os prisioneiros, ele estava dizendo a todos nós: "Vocês também são pobres. Você também são viciados em falsos deuses. Vocês também estão em cativeiro, trancados na prisão do seu pecado e do seu egoísmo. No entanto, Cristo vem aonde vocês estão para libertá-los".
 
O testemunho profético do Papa Francisco poderia ser resumido em seu apelo alegre, que ecoa como uma versão subversiva do grande envio: "Ide por todo o mundo e fazei muita bagunça". Claro que o Santo Padre não está pregando o caos; ele não está convidando à dissidência e à revolução violenta.
 
Ele está sendo um pouco como Cristo, ao derrubar as mesas dos vendedores no templo. Ele está nos convidando a derrubar as mesas da ganância e do egoísmo. Ele está chamando ao arrependimento e a que voltemos para Deus, pois só então poderemos encorajar outros a seguir o nosso exemplo.
 
Ele também está chamando a atenção para esta verdade: "Uma pessoa que nunca fez uma bagunça nunca fez nada". Em outras palavras, a criação só pode vir do caos. Você tem que sair, assumir riscos e cometer erros, a fim de progredir.
 
Esta mensagem é especialmente vital para os jovens, mas é uma lembrança viva para todos nós, para não dependermos muito das velhas formas estabelecidas de "fazer Igreja", mas voltarmos a correr riscos, sair do nosso conjunto de caminhos e chegar ao mundo com a criatividade, a unidade, o entusiasmo e a alegria do Espírito Santo.
 
"Ide por todo o mundo e fazei muita bagunça!" É um lembrete de que o Evangelho nunca será uma boa nova, a menos que seja subversivo. E é aqui que a mensagem se torna perigosa, porque temos de ter certeza de que estamos subvertendo o que é, de fato, errado, e apoiando o que é realmente certo.
 
O Evangelho é subversivo diante do caminho que o mundo oferece. O caminho do mundo poderia ser resumido nos seis mortais "P": prosperidade, poder, política, prestígio, privilégio e prazer. O Evangelho é uma boa notícia quando desafia estes mortais seis "P".
 
Ao convidar a "fazer bagunça", Francisco não está pedindo uma revolução violenta ou a dissidência contra os ensinamentos da Igreja; ele está convidando os católicos a viverem vidas radicais de discipulado, que profeticamente desafiem as formas presunçosas do mundo – os caminhos oferecidos pela cultura da morte, em vez da cultura da vida abundante, prometida a nós por Cristo.

 
Finalmente, a mensagem radical do Papa Francisco tem Jesus Cristo em seu centro, e é isso que a imprensa mundial negligenciou em sua cobertura da JMJ. Os jornalistas estão tão impactados com as visitas do Papa Francisco aos pobres, com a suas palavras aos marginalizados, com seu estilo amigável, com sua ênfase em "paz e justiça", que perderam de vista o fato de que toda a sua mensagem não é primariamente a de transformar a Igreja em uma obra de caridade social, mas proclamar a mensagem salvadora de Jesus Cristo – o Salvador de um mundo pecaminoso.
 
Portanto, o cerne das comemorações da JMJ é Jesus Cristo – aquele que não só derruba as mesas, mas está no mundo inteiro em seu vigário, o único que continua presente no mundo através de sua Igreja, e mais especialmente na Eucaristia. É por isso que os eventos da semana culminaram na fonte e ápice da vida católica, a Missa – e, neste caso, uma Missa massiva, com mais de 3 milhões de pessoas.
 
O Papa Francisco pode ter nos convidado a sair e fazer uma bagunça, mas ele também nos mostrou que não podemos fazer isso sem a Missa. Sem receber Cristo na Eucaristia, não somos mais do que filantropos; mas com Cristo, nós nos tornamos seus agentes no mundo.
 
Então, que mensagem podemos tirar de tudo isso? "Jovens: façam bagunça, mas primeiro vão à Missa!"

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