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Carta de um soldado da URSS que se converteu em campo de batalha

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Fr. Thiago Pereira, SCJ - Reparatoris - publicado em 02/12/13
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“Se bem que até agora não fui teu amigo, quando eu partir, me deixarás entrar? Meu Deus, eu irei… será difícil regressar”Não existe algo que tenha feito mais mal às pessoas do que os regimes totalitários de caráter comunista. O primeiro objetivo ideológico desses regimes era arrancar a esperança do coração das pessoas. Os grandes ditadores tentavam matar a alma de seu povo, atacando a cultura, a educação e, sobretudo, a sua fé. Desta maneira, o sujeito poderia dissolver-se facilmente na coletividade da máquina estatal. A China, Coreia do Norte e URSS são apenas alguns exemplos que podemos elencar.

Apesar da perseguição cristã e da educação ateísta que vigorava na União Soviética, muitos fiéis se colocavam aos pés da Virgem de Kazán e permaneciam firmes em sua fé.

“A fé não exime da morte, mas a alivia com a esperança”

O pregador da Casa Pontifícia, o Frei Raniero Cantalamessa, recordou, em uma de suas homilias, o testemunho de conversão, perante o sofrimento, de um soldado soviético. “A fé não exime os crentes da angústia de ter que morrer, mas a alivia com a esperança”, afirmou o padre capuchinho.

Neste tempo do Advento que se inicia, vale a pena falar de Esperança. Ainda mais a partir deste testemunho concreto que foi publicado em 1972 numa revista clandestina, a partir da oração encontrada no bolso da farda de um soldado soviético chamado Aleksander Zacepa. O militar, não conhecendo a Deus, fala com Ele poucas horas antes da batalha na qual morreria.

Esperança: “agora a morte não me dá medo”

Esta é a carta de Aleksander, na íntegra:

Escuta, ó Deus! Em minha vida não falei nenhuma vez contigo,
mas hoje me dá vontade de fazer uma festa.
Desde pequeno me disseram que Tu não existes…
E eu, como um idiota, acreditei.

Nunca contemplei tuas obras,
mas esta noite, dentro de uma cratera feita por uma granada,
vi o céu cheio de estrelas e fiquei fascinado por seu resplendor.
Nesse instante compreendi como é terrível o engano.

Não sei, ó Deus, se me darás tua mão,
mas te digo que Tu me entendes…
Não é algo incrível que em meio a um inferno tenebroso
me tenha aparecido a luz e te tenhas descoberto?

Não tenho nada mais que dizer-te.
Sinto-me feliz, pois te conheci.
À meia-noite temos que atacar,
mas não tenho medo,
Tu nos olhas.

Deram o sinal!
Tenho que ir.
Que bom se estiver contigo!
Quero dizer-te, e Tu sabes, que a batalha será dura:
Talvez esta noite eu vá bater à tua porta.

Se bem que até agora não fui teu amigo,
quando eu partir, me deixarás entrar?
Meu Deus, eu irei… será difícil regressar.

Mas, o que me acontece? Choro?
Meu Deus, olha o que me aconteceu.
Somente agora comecei a ver com clareza…
Que incrível, agora a morte não me dá medo.

(Reparatoris)

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