Ele se prepara para enfrentar o seu último julgamento, que pode lhe custar 5 anos de cadeia e uma multa de mais de 15 bilhões de ReaisO francês Jérôme Kerviel (37 anos) se define como “o monstro criado e vomitado pelas finanças”. De celebridade entre os jovens traders (corretores da Bolsa de Valores) da década passada, passou a ser pivô de um rombo de 5 bilhões de Euros, uma cifra superior ao Produto Interno Bruto de países como o Zimbábue ou o Togo.
No momento em que ele se prepara para enfrentar o seu último julgamento, que pode lhe custar 5 anos de cadeia e uma multa no mesmo valor de 5 bilhões de Euros, a Aleteia o entrevistou para que ele compartilhasse algumas lições que o mundo precisa compreender com urgência.
Primeira lição: a ética não é sinônimo de lucro
Enquanto os investimentos de Jérôme Kerviel davam lucros, ninguém lhe perguntava se era ético especular contra empresas (e o emprego de seus trabalhadores) ou contra moedas (e os habitantes de seus países).
Mas quando os investimentos de Kerviel provocaram perdas astronômicas, então o juízo ético do sistema foi tão forte quanto a catástrofe registrada.
Segunda lição: todos criticam, mas ninguém age
Como explica o próprio Kerviel, após o estouro da crise financeira mundial, a reação do mundo político e econômico reduziu-se a críticas e advertências. O corretor explica que acontece algo parecido com a crise ecológica: “todo o mundo compreende que corremos para a catástrofe, mas não mobiliza a energia suficiente para uma mudança coletiva e reformas profundas”.
Kerviel reconhece suas faltas e responsabilidades, mas seria ilusão pensar que com a prisão do “bode expiatório” teríamos resolvido o problema.
Terceira lição: o Papa Francisco apresenta o caminho
Kerviel escolheu um meio católico para oferecer sua entrevista, pois considera que atualmente o Papa é a única autoridade moral que, com palavras e ações, é coerente para tirar as lições da crise ética que foi a causa da crise financeira mundial.
O corretor faz um exame de consciência e reconhece também que sua fé vacila diante da chegada da prisão. Mas, para ele, Francisco “é a imagem de um farol que mostra o caminho, a única forma de moralizar o sistema e de acabar com a insuportável relegação da pessoa ao segundo lugar”.