Será que é preciso ser como a Madre Teresa de Calcutá para poder a ir à Missa?É comum ouvir de cristãos afastados a queixa (ou desculpa) de que não vão à Missa porque os que costumam ir em geral são pessoas muito pecadoras. De certa maneira, eles nos jogam na cara esta situação.
E sabemos que eles têm razão: os que vão à Missa costumam cometer muitos erros, grandes e pequenos, diariamente. O que fazer, então? Fechar as igrejas e voltar a celebrar a Missa quando conseguirmos ser como a Madre Teresa de Calcutá ou o Padre Pio?
De jeito nenhum. A situação é outra. E a própria celebração nos recorda como precisamos agir, quais devem ser nossas atitudes autênticas.
O Papa Francisco nos fala sobre este tema:
“Por vezes, alguém pergunta: ‘Por que deveríamos ir à igreja, visto que quem participa habitualmente na Santa Missa é pecador como os outros?’. Quantas vezes ouvimos isto! Na realidade, quem celebra a Eucaristia não o faz porque se considera ou quer parecer melhor do que os outros, mas precisamente porque se reconhece sempre necessitado de ser acolhido e regenerado pela misericórdia de Deus, que se fez carne em Jesus Cristo.
Se não nos sentirmos necessitados da misericórdia de Deus, se não nos sentirmos pecadores, melhor seria não irmos à Missa! Nós vamos à Missa porque somos pecadores e queremos receber o perdão de Deus, participar na redenção de Jesus e no seu perdão. Aquele ‘Confesso’ que recitamos no início não é um ‘pro forma’, mas um verdadeiro ato de penitência! Sou pecador e confesso-o: assim começa a Missa!
Nunca devemos esquecer que a Última Ceia de Jesus teve lugar ‘na noite em que Ele foi entregue’ (1 Cor 11, 23). Naquele pão e naquele vinho que oferecemos, e ao redor dos quais nos congregamos, renova-se de cada vez a dádiva do corpo e do sangue de Cristo, para a remissão dos nossos pecados. Temos que ir à Missa como pecadores, humildemente, e é o Senhor que nos reconcilia.”
É preciso lembrar também que as orações da Missa nos ajudam a mergulhar na misericórdia de Deus.
Há dois gestos particularmente significativos. O primeiro é o ato penitencial. Ele vem logo depois da saudação do sacerdote à comunidade reunida. Nesse momento, todos, sem exceção, se reconhecem pecadores e pedem perdão a Deus: “Por minha culpa, minha tão grande culpa”.
É interessante que dizemos “minha”, não “nossa” culpa. Porque os pecados são pessoais e não podemos acusar os outros, ainda quando pecamos juntos.
Outro gesto está presente no final da Missa. Nós nos preparamos para a comunhão com um gesto de paz. Abençoamos o irmão como Jesus quis que fizéssemos (cf. Lc 10, 5-6; 24, 36), desejando “shalom”, paz. Este é também um gesto de reconciliação com o irmão quando não temos paz entre nós (cf. Mt 5, 23-24).
O sacerdote, por sua vez, também tem um gesto próprio e duas orações privadas de petição de perdão. O gesto é o de lavar as mãos logo após o ofertório. Uma das orações privadas é feita por ele quando beija a Bíblia, após ler o Evangelho, pedindo que a Palavra de Deus apague os nossos pecados.
A outra oração, mais longa, é feita pelo padre após partir a Hóstia consagrada, antes da comunhão. Podemos observar que ele se inclina nesse momento. É neste momento que ele faz a oração privada, que termina com a genuflexão diante do Santíssimo.
Depois destas reflexões, podemos concluir, com o Papa Francisco: “Nós vamos à Missa porque somos pecadores e queremos receber o perdão de Deus”.
Em outras palavras, quem coloca como pretexto que não vai à Missa porque os que vão são pecadores, não entendeu nada – e talvez esteja com uma atitude de soberba, considerando-se um santo que não precisa da graça, do perdão e da misericórdia de Deus.
O que você acha?