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Encontrei surdos que pensavam estar sozinhos

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Clarissa Oliveira - publicado em 02/04/14
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“Só quem reconhece a própria fragilidade e o próprio limite pode construir a cultura do encontro” – Papa FranciscoNo silêncio e dependendo de gestos para se comunicar, assim é a vida de cerca de 70 milhões de pessoas no mundo que são surdas. Numa sociedade repleta de barulho é difícil imaginar uma vida em completo silêncio.

Certamente podemos dizer que os surdos fazem parte da famosa “periferia existencial”, continuamente citada por Papa Francisco. Paróquias que não estão prontas para acolher os surdos, por não terem possibilidade de se comunicar com eles, ilustram certa dificuldade existente na Igreja para a evangelização destas pessoas. Por consequência muitos surdos se distanciam da vida paroquial, da fé, ou nem mesmo conhecem Jesus Cristo, simplesmente porque ninguém o apresentou. 

Em contrapartida, são tantas organizações, instituições, escolas, congregações, pastorais para surdos que se dedicam exclusivamente a estas pessoas. É o caso da Pequena Missão para os Surdos que esteve à frente da organização do encontro dos surdos com o Papa, no último sábado, 29.

Padre Delci Filho esteve à frente de toda organização deste encontro. Em entrevista à Aleteia, disse: “Sou missionário há 22 anos. Na minha experiência com os surdos percebo que eles vivem num mundo de silêncio e solidão, mas quando encontram uma pessoa que fala sua língua, sua vida muda. É como sair de um mundo fechado e abrir-se a uma realidade que vai além de si mesmo. Encontrar pessoas com as quais eles podem se comunicar, e que lhes apresente Jesus Cristo, é passar a ter uma vida cheia de sentido”.

O encontro com o Papa deixou a Sala Paulo VI repleta. Com o auxílio dos intérpretes voluntários foi possível dançar, cantar e rezar enquanto se esperava o Santo Padre.

Acima de tudo, o encontro dos surdos com Sua Santidade foi um grande testemunho de fé que teve como tema: “Testemunhar o Evangelho para uma cultura do encontro”. 

“Só quem reconhece a própria fragilidade e o próprio limite pode construir a cultura do encontro. Deixem-se encontrar com Jesus, somente Ele conhece verdadeiramente o coração do homem e pode libertá-lo do fechamento e abri-lo à esperança”, disse o Papa. 

Uma pessoa surda tem presente em sua história a exclusão e a marginalização, mas numa sociedade preparada a comunicar-se com ela é possível mudar esta realidade. Com a Igreja pronta para acolher e evangelizar estas pessoas, a solidão vivida por elas não existirá mais. “Encontrei surdos que pensavam estar sozinhos. Nesses 22 anos de vivência missionária, a única proposta que faço é apresentar Jesus Cristo a eles como um amigo que ama, acolhe e não exclui ninguém”, concluiu Padre Delci. 

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