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Iraque: em Mosul os muçulmanos defendem uma Igreja dos saques

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Agência Fides - publicado em 13/06/14
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O Arcebispo Nona não confirma os boatos que falam da presumível imposição do uso do véu islâmico às mulheres cristãs
“Agora em Mosul, os milicianos jihaidistas controlam a cidade e a situação parece estar calma, mas não sabemos bem quem são e o que querem fazer”. Dom Amel Shamon Nona, Arcebispo caldeu de Mosul, descreve à Agência Fides o clima que reina na segunda cidade iraquiana, conquistada há dois dias pelos milicianos do Estado Islâmico do Iraque (ISIL).

O Arcebispo caldeu confirma que a grande maioria das 1.200 famílias cristãs deixou a cidade. Ele mesmo e seus sacerdotes encontraram abrigo nas aldeias da Planície de Nínive, como Kramles e Tilkif, a poucas dezenas de quilômetros de Mosul. Ao mesmo tempo, Dom Nona desmente boatos sobre ataques a igrejas por obra dos homens do ISIL.

“A nossa Igreja dedicada ao Espírito Santo foi saqueada por bandos ontem e anteontem, enquanto a cidade foi invadida pelo ISIL. As famílias muçulmanas que moram nos arredores chamaram os milicianos islâmicos, que intervieram e detiveram o saque. As próprias famílias muçulmanas nos telefonaram para dizer que estão controlando a Igreja e impedirão o retorno dos chacais”.

As obras de uma Igreja armênia em construção foram atingidas no âmbito dos conflitos e danificadas por estarem ao lado de uma base do exército atacada pelos jihaidistas. Depois de sua entrada na cidade, as milícias islâmicas protegeram os bancos e agora têm intenção de manter a ordem pública sob estrito controle.

O Arcebispo Nona não confirma os boatos que falam da presumível imposição do uso do véu islâmico às mulheres cristãs e observa que os cristãos que ficaram em Mosul, fechados em suas casas, são em maioria idosos impedidos de fugir devido à idade e às condições de saúde. Ele ressalta que, das centenas de milhares de residentes de Mosul que fugiram, a grande maioria é muçulmana.

As dúvidas de Dom Nona se concentram na fragilidade demonstrada pelo exército iraquiano e pelas forças policiais diante da chegada dos islâmicos: “Posso dizer”, explica o Arcebispo, “que o que aconteceu é um mistério. Não se sabe exatamente como é possível que tantos soldados e policiais tenham deixado a cidade em menos de uma hora, abandonando armas e meios de transporte. Tudo isso gera muitas dúvidas”.

A Igreja caldeia de Mosul dedicada ao Espírito Santo e é a mesma em que, em 3 de junho de 2007, foi morto, com três diáconos, padre Ragheed Ganni. No mesmo templo, foi sequestrado o Arcebispo Paulos Faraj Rahho, cujo corpo foi encontrado em 13 de março de 2008.

(Fides)

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