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É lícito dar a extrema unção contra a vontade do doente?

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Padre Angelo Bellon, o.p. - publicado em 03/07/14
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É certo, no leito de morte, sacrificar a salvação de uma alma para respeitar a sua vontade?Questão

Caro Padre Angelo:

Sei que o Senhor nos criou e nos quer livres, que por causa da nossa liberdade podemos também deliberadamente recusar o Seu amor e nos condenar definitivamente ao inferno. Assim como sei que a nunca seria imposta a ninguém, mas me pergunto: é certo, no leito de morte, sacrificar a salvação de uma alma para respeitar a sua vontade e liberdade, condenando-a assim a uma escravidão eterna? Ao meu ver não, porque como nos disse Jesus: somente a Verdade nos tornará livres e longe da Verdade não pode existir verdadeira liberdade. Podendo escolher entre um sumo bem e um mal absoluto, eu não teria dúvida. Meu pensamento está errado? 

Resposta do Sacerdote

Caro:

Compartilho da sua preocupação: não é certo renunciar às vias ordinárias da salvação e sacrificar uma pessoa à infelicidade eterna. Todavia, preciso relembrar que se uma pessoa não tem a vontade de receber o sacramento e, recebendo-o não tem nenhum arrependimento dos pecados, o sacramento conferido não concede a salvação e permanece estéril. 

Se faltam as condições objetivas, como por exemplo, a intenção do ministro (que é exigência para a validade do sacramento), ou a vontade da parte da pessoa de receber o sacramento (também esta disponibilidade é necessária), mesmo realizando o rito, não teria nenhum efeito.

O celebrante principal do sacramento é Jesus. E Jesus no sacramento transmite a sua graça salvífica através da ação e intenção do ministro. Une-se à  através da vontade e da boa disposição em recebê-lo. Mas se a porta da fé permanece fechada, o Senhor, mesmo batendo, não pode entrar com a sua graça.

Você pensa que dando um sacramento a quem manifestou a vontade de não recebê-lo é um ato de caridade para com a pessoa e abre-lhe a porta da salvação. Entendo seu bom coração, mas o sacramento não age de maneira mágica. O sacramento é sempre o encontro entre Cristo e uma pessoa. É necessário que, de qualquer modo, a pessoa tenha aberto a porta.

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