Diferenças entre o que dizem os padres sinodais e a mídia: as “aberturas” para com divorciados, casados novamente e os homossexuaisUma nota da Secretaria Geral do Sínodo, lida pelo diretor da Sala de Imprensa Vaticana, Padre Federico Lombardi, ressalta que “a natureza do documento”, publicado na última segunda-feira, 13 de outubro, “não foi compreendida corretamente. O texto é um documento de trabalho que resume as intervenções e o debate da primeira semana do sínodo, agora é proposta a discussão dos membros em círculos menores”, como previsto pelo regulamento.
O trabalho dos círculos menores, afirmou Lombardi, foi apresentado à congregação na manhã desta quinta-feira, e está previsto que a síntese desta discussão seja pública, de modo que “surja claramente a ligação entre a Relatio Ante, a Relatio post, a síntese do trabalho dos círculos menores e a Relatio Synodi que será apresentada ao Papa Francisco”.
“A reação das mídias – afirmou o cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a evangelização dos povos e moderador de um dos círculos menores de língua italiana – despertou surpresa entre os padres sinodais e perplexidade sobre como certas afirmações foram relatadas como se o sínodo houvesse já decidido”. “Estamos trabalhando – rebateu Filoni – para evidenciar o estado das coisas e chegar a um resultado a colocar nas mãos do Santo Padre, que decidirá”. Existe um percurso em três momentos, partindo do consistório dedicado às famílias, que passa pelo do sínodo extraordinário para chegar ao sínodo ordinário de 2015 sobre o mesmo tema, o que evidencia “uma dinâmica na qual toda a Igreja está envolvida” e também as mídias deveriam colaborar “no mostrar aos leitores toda a riqueza da discussão sobre família e não somente alguns aspectos”.
A ampla expectativa por parte da opinião pública não deve ser endereçada para o prefeito da Congregação para a evangelização dos povos a “dar soluções amanhã”, mas a consciência de “que as questões em relação à família estão ao centro da atenção da Igreja. Não somente nos aspectos problemáticos”. A Igreja encoraja as famílias em sua vida cotidiana e, se, “como acontece nas famílias, a atenção dos pais se volta sempre mais aos filhos problemáticos, também os outros são amados” e estes não devem “nunca ter ciúmes pelo filho perdido que quer retornar”. Para Filoni, constitui uma “expectativa excessiva” pensar em resolver logo problemas como “situações dos divorciados, casados novamente ou união homossexual”.
O cardeal sul-africano, Wilfrid Fox Napier, concorda: a preocupação, ressaltou, é que deste sínodo saia “uma verdadeira mensagem” que é aquela de “ajudar as famílias na missão delas”. O trabalho que se está desenvolvendo é o de “tentar identificar temas, causas e possíveis soluções”, segundo o método “listening, looking and discussing” (escutar, olhar, discutir). Atenção não a temas singulares e isolados, reiterou Napier, mas “a toda a família”.
Aos jornalistas que perguntam se a Relatio post Disceptationem provocaria verdadeiramente uma “tempestade” entre os padres sinodais, Filoni responde que “houve uma avaliação geral por um trabalho de síntese feito em pouco tempo”, do qual são seguidas algumas observações sobre ajustes: “foi ressaltado aquilo que falta ou deve ser expressado melhor: por exemplo, o pensamento de Jesus sobre o matrimônio, ou a doutrina da Igreja, pontos acenados e não desenvolvidos”, e alguns se expressaram “sobre a necessidade de melhorar o texto”. Trata-se, como especificado, de “trabalho em andamento”: “serei muito prudente – concluiu Filoni – no dizer aquilo que devemos esperar”.