A clareza da fé não deve impedir o diálogo e a aproximação cristã daqueles que não a compartilhamO cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, participou nesta semana de um evento de aprofundamento sobre o seu livro “Deus ou nada – Conversa sobre a Fé”, lançado no começo deste ano.
E fez declarações de grande densidade que merecem ser refletidas por todos nós, católicos.
FÉ NA PROVIDÊNCIA DIVINA, MESMO EM MEIO AO MAL TERRENO
“Em 1984, eu fui colocado pelo regime [ditatorial da Guiné, seu país natal] numa lista de pessoas que deviam ser eliminadas. Foi a Providência Divina que me salvou da morte. E eu comecei a ver na minha vida um amor claro de nosso Senhor por mim”.
A RESPONSABILIDADE DOS CATÓLICOS PELO “ECLIPSE DE DEUS” NO OCIDENTE
“No Ocidente, Deus está morto e nós somos os assassinos (…) Muitas igrejas viraram a cripta e a tumba de Deus. E as pessoas frequentam as igrejas cada vez menos porque não querem sentir o cheiro da morte”.
O AMOR CRISTÃO PODE PARECER ABSURDO – PORQUE É MESMO
“[Inclusive os terroristas e ditadores] são filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança (…) O corpo de Osama Bin Laden não devia ter sido jogado no mar. [Até mesmo os terroristas], se forem assassinados, devem ser entregues à sua família para ter um sepultamento digno”.
O DIÁLOGO COM O ISLÃ
“O diálogo com o islã é difícil. Mas a raiz [dos conflitos] é mais cultural do que religiosa e surge também da nossa secularização, que exaspera os muçulmanos”.
“O diálogo teológico é impossível [já que os muçulmanos consideram definitiva a revelação de Maomé e não acreditam nos dogmas centrais do cristianismo, como a Santíssima Trindade e a divindade de Jesus]. Mas é possível o diálogo a partir dos temas em que estamos de acordo, como família e desenvolvimento”.
“O mundo não precisa de profetas, como alguns afirmam até mesmo em âmbitos católicos. O mundo precisa de testemunhas, dispostas a morrer pela verdade, uma verdade que nem sempre é agradável”.
SÍNODO SOBRE A FAMÍLIA
“O instrumentum laboris era um texto confuso e ambíguo, mas, graças ao trabalho dos grupos durante o sínodo, conseguimos esclarecê-lo mais”.
“Os divorciados em novos relacionamentos precisam ser acompanhados para participarem da vida da Igreja, mas também é preciso ensinar, objetivamente, que eles vivem num estado de contradição com a Eucaristia”.