“Devemos aprender com eles, procurar ajuda não para nós, mas para os outros”“Este ano especial do Jubileu da Misericórdia, como declarou o Papa Francisco na Bula de Proclamação Misericordiae vultus, vai além das fronteiras da Igreja Católica”. Foi o que explicou o cardeal arcebispo de Manila, Luis Antonio Tagle, falando na Universidade Gregoriana, na apresentação do livro “Religion and politics“.
“Em primeiro lugar – disse o prelado filipino – a Igreja convidou a mostrar misericórdia não só para com os seus próprios membros, mas também para aqueles que estão além de suas fronteiras. Para reconhecer o irmão sobretudo naqueles que sofrem, nos necessitados”. “Penso nas vítimas de injustiças – continuou Tagle -, elas são vítimas da falta de misericórdia. É preciso, portanto, ocupar-se com todas essas pessoas, são nossos irmãos”.
Um segundo aspecto, acrescentou o cardeal de Manila, é que “somos convidados a olhar para além das próprias tradições religiosas, para o que é a misericórdia nessas outras tradições, para estudar como as várias religiões concebem a misericórdia e o que podem ensinar a Igreja em termos precisamente de misericórdia”.
Sobre isto o cardeal deu um exemplo eloquente: “Penso nos monges budistas, que circulam pelas cidades, pedindo comida, em seguida, uma vez recolhida, eles a colocam numa mesa à disposição dos mais pobres. Assim, eles pedem esmolas não para si mesmos, mas para os pobres, e somente se sobrar alguma coisa, no final, poderão comer também eles”.
“Devemos aprender com eles – sublinhou Tagle -, procurar ajuda não para nós, mas para os outros, e tocar assim os corações das pessoas. Isto é o que fez Jesus, mas é uma prática budista, que nos faz, porém, descobrir o que fez Jesus”.
O cardeal convidou enfim a olhar para a África, “onde existem muitas famílias com marido e esposa de diferentes religiões, situações onde precisa ser muito misericordioso”. “A Família – concluiu – pode ser então escola de misericórdia, em particular no que respeita às famílias inter-religiosas”.
(IHU)