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“Nossa Senhora chorou na minha casa”

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Marinella Bandini - publicado em 03/05/16
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O testemunho de fé de um pai de família que, na infância, morou no lar em que um milagre aconteceuComo você viveria depois que, dentro da sua própria casa, uma imagem de Nossa Senhora tivesse lacrimejado?

O milagre, reconhecido pela Igreja, ocorreu em Siracusa, na Itália, na casa do jovem casal Angelo Iannuso e Antonina Giusto, que esperavam então o primeiro filho. Entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro de 1953, de uma imagem de gesso que representava o Imaculado Coração de Maria e que estava à cabeceira da cama do casal, brotaram “lágrimas humanas“, como foi confirmado pelas análises científicas.

Madonna delle Lacrime

Fotografia tirada em 1953, durante o milagre

Angelo e Antonina teriam quatro filhos, dois meninos e duas meninas. É o segundo a nascer, Enzo, quem nos guia hoje pela casa da sua infância. “Quando Maria escolheu chorar dentro da nossa família, foi porque ela quis que a sua mensagem fosse dada dentro de uma família”.

“Às vezes, a mamãe nos mostrava os lenços com que tinha enxugado as lágrimas que caíam da imagem”, conta ele. Um gesto espontâneo de mãe. Hoje, alguns daqueles lenços são mantidos em um relicário, junto com lágrimas que desceram do quadrinho de gesso.

Nos próximos dias, o relicário de Nossa Senhora das Lágrimas de Siracusa será levado à Basílica de São Pedro para a “Vigília de enxugar as lágrimas“, convocada pelo Papa Francisco no coração do Jubileu da Misericórdia.

Em Siracusa, na Sicília, o local onde os pais e um tio de Enzo viviam se tornou um oratório, lugar de peregrinação e oração. Ainda é preservada, em uma sala, a cama do casal. No quarto original, local do milagre, há hoje um altar em que todo dia é celebrada a missa.

Voltar a esses lugares “de família” é motivo de gratidão para Enzo: “Parece quase impossível estar envolvido em uma história como esta, mas esta é a realidade, e o sentimento é de serenidade e gratidão“. Além disso, “nós não tivemos nenhum mérito para que isto acontecesse conosco. Não é vaidade. Recebemos a dádiva de ser instrumentos, e, depois disso, podemos ficar de lado”.

Antonina contava aos filhos sobre aquela manhã de sábado em que tinha notado as lágrimas escorrendo pelo rosto de Maria.

Poucas palavras, porque, mais que palavras, “era um clima que se respirava dentro de casa. Um clima de serenidade. Havia também problemas, como em qualquer família, mas nós respirávamos serenidade”, reflete Enzo. Marinheiro profissional, ele se mudou de Siracusa para a Apúlia, se casou e teve três filhos. “Tive uma vida movimentada, mas isso não me impediu de viver e me envolver com a escolha de ser pai e marido“.

Enzo e a esposa levam “uma vida normal, como a de qualquer casal, com momentos de lágrimas e risos, com sacrifícios, mas, quando se vive uma alegria dessas, dá para enfrentar tudo com paz interior”.

Para viver bem, diz ele, “você tem que acordar todos os dias e decidir recomeçar. Temos um Pai e Nossa Senhora sempre perto; só precisamos ter um pouco de confiança”.

E, tal como ele respirou a fé e a serenidade dos pais quando menino, também seus filhos foram criados imersos nesse ambiente: “Não é contando coisas que se transmite a fé, é vivendo. É uma riqueza que você tem e que você compartilha com naturalidade”.

Quando o relicário com as lágrimas de Maria chega a alguma paróquia da Apúlia, ele vai até lá: “É como se viesse a minha mãe. E eu vou encontrá-la”.

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