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Governo de Nicolás Maduro confisca doação de remédios à Cáritas da Venezuela

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Ramón Antonio Pérez - publicado em 25/11/16
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A Cáritas do Chile tinha enviado remédios e suplementos alimentares para aliviar a crise humanitária dos venezuelanos. Mas…Os venezuelanos, de maneira especial os doentes e necessitados, vivem mais um episódio amargo da crise humanitária que os vitima: desta vez, o Serviço Nacional Integrado de Administração Tributária (SENIAT) tomou medidas no mínimo questionáveis contra a Cáritas, a mais importante organização de caridade e ação social da Igreja católica, que atua no mundo inteiro.

Nesta quarta-feira, 23 de novembro, o serviço tributário do governo de Nicolás Maduro divulgou em sua conta no Twitter que um carregamento de 525 caixas de medicamentos e 92 de suplementos alimentares, doados à Caritas, tinha sido “declarado em abandono legal” após chegar ao país em 23 de agosto e passar 30 dias sem que a Cáritas apresentasse a documentação relativa à carga. O órgão do governo, assim, confiscou o material e determinou o seu encaminhamento ao Instituto Venezuelano de Seguros Sociais.

A declaração do SENIAT, porém, foi contradita nesta quinta-feira, 24 de novembro, pelo médico José Manuel Olivares, que denunciou o “roubo”, por parte do governo de Maduro, das 75.000 unidades de remédios doadas pela Cáritas do Chile à Cáritas da Venezuela.

Hoje o governo de Nicolás Maduro está roubando a ajuda humanitária. Hoje o governo de Nicolás Maduro está roubando os remédios dos venezuelanos. Hoje o governo de Nicolás Maduro está roubando a solução para os venezuelanos que morrem por falta de remédios”, declarou com firmeza à Assembleia Nacional o médico, que também é deputado, diante de jornalistas nacionais e internacionais.

Estamos falando de 75.000 unidades de remédios que o governo de Nicolás Maduro mostra como uma grande conquista nos seus tuítes. Deem o nome que vocês quiserem, mas é um governo tão corrupto que é capaz de roubar uma doação, de roubar uma ajuda humanitária”, enfatizou Olivares.

O deputado pelo Estado venezuelano de Vargas mostrou fotos em que aparecem funcionários do SENIAT inspecionando as caixas enviadas do Chile no porto de La Guaira, o que demonstra que os responsáveis pela Cáritas da Venezuela tinham se reunido, sim, com funcionários do governo venezuelano para colocá-los a par da chegada dessa doação.

A Cáritas da Venezuela se reuniu com três vice-ministros. Eles não podem agora aparecer com a historinha de que não sabiam”, denuncia o deputado. “Três vice-ministros, da área social, econômica e de saúde, se reuniram com a Cáritas da Venezuela para tentar uma solução. A desculpa do governo era que tinham que fazer um reconhecimento dos remédios e ver se estavam bons para poderem entrar”.

José Manuel Olivares confirmou ainda que o carregamento chegou ao porto de La Guaira em 23 de agosto e que se passaram nada menos que três meses de “reconhecimento” por parte do órgão fiscal até que o governo da Venezuela resolvesse “roubar a ajuda humanitária”.

Para deixar [os remédios] vencerem dentro dos contêineres como todos os outros remédios vencidos que eles têm no Sefar [Servicio Autónomo de Elaboraciones Farmacéuticas] ou para mandá-los para o grande nicho de corrupção chamado Seguro Social, onde trazem remédios da China e da Índia de baixa qualidade e onde não entregam os remédios para os venezuelanos. Senhores do governo, eu lhes digo de verdade: que Deus tenha misericórdia de vocês. Estamos falando de vidas! Eu não posso acreditar nos [seus] níveis de indolência e desumanidade”, recriminou o médico e deputado.

Olivares explicou que a Cáritas da Venezuela fez todos os esforços para que o governo liberasse o carregamento como gesto de “humanidade” e “responsabilidade”, mas a administração de Maduro decidiu ficar ela própria com os remédios e encaminhá-los ao Seguro Social, cuja eficiência no atendimento e distribuição é muito criticada.

Neste próximo dia 6 de dezembro acontece a terceira rodada de conversações entre o governo e a oposição, novamente com a participação de dom Claudio Maria Celli como mediador por parte do Vaticano. Um dos acordos surgidos nos encontros prévios tinha sido justamente o de permitir a entrada de medicamentos e alimentos. Por enquanto, parece ter ficado na teoria.

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