Nosso destino pode ser completamente alterado por uma única, pequena e aparentemente inofensiva escolhaCausa e efeito, ação e reação, feito, bem-feito, desfeito… a vida é mesmo um nó de caminhos. Uns paralelos, outros que se cruzam, outros que nunca vão se encontrar. E o nosso destino pode ser completamente alterado por uma única, pequena e aparentemente inofensiva escolha.
O fato, é que nenhuma escolha é inofensiva. E se a gente escolhe uma porta por onde entrar, precisa estar preparado para abrir mão de todas as outras que deixamos passar. As portas que não escolhemos, aquelas que rejeitamos, hão de ser abertas por outras pessoas.
Aquelas outras histórias, veladas atrás de outras portas vão morar na parte misteriosa de nossas vidas. Aquela que nunca aconteceu.
A realidade é essa vida que temos nas mãos, é com ela que a gente precisa aprender a lidar. E é por meio dessa aprendizagem que vamos conseguindo reverter algumas perdas em ganhos, olhar para outras perdas como causas perdidas mesmo… e, a partir delas buscar outros caminhos.
Se um projeto não vinga, pode ser que tenhamos errado nas estratégias; pode ser que precisemos lançar mão de novas abordagens; mas pode ser também, e isso não é nada raro de acontecer… que era para não dar em nada mesmo.
Até mesmo os tenebrosos fracassos têm lá a sua função educativa. Eles nos revelam lugares onde não devemos estar, brigas que não valem a pena comprar, projetos que não têm chance de decolar.
Esses “nãos” que a gente leva na cara precisam ser encarados como uma nova oportunidade. Quem sabe não esteja bem na hora de você enxugar o suor e as lágrimas perdidas, tomar um banho de redenção e aprumar-se para um encontro inédito com outras opções; tentar, em vez da porta, uma janela.
Afinal, não há nada de errado em mudar de ideia. Muito menos ainda, em reconhecer uma limitação, um engano, um caminho mal escolhido, um atalho malsucedido. Errar é parte do processo, afinal de contas.
Acontece que muitas vezes entramos numa história com uma carga de fantasia, além da conta, como se fosse um excesso de bagagem desnecessário. E conforme o tempo vai passando, descobrimos que nunca encontraremos ali algo que nos preencha, que se compare à nossa fantasia.
Essa quebra de ilusão é acompanhada de algumas dores, faz a gente ficar meio adoecido pelo sonho desfeito. E tudo bem que a gente se conceda um dia, ou dois, ou três de convalescença.
Apenas não podemos nos apoiar nessa desilusão para lançar em colos alheios a nossa decepção. Não podemos acabar nos aconchegando nessa almofada de vítimas como se fossem coletes salva-vidas. Não são!
No entanto, quando demorar um pouco demais para que o tombo pare de se transformar em ralados pelo corpo, é bom procurar ajuda. Admitir que não se pode carregar sozinho um fardo, não é sinal de fraqueza, é sinal de maturidade. Crescer envolve mesmo algumas escoriações afetivas. Faz parte.
É inevitável ser visitado de vez em quando por essas reflexões: “E se eu tivesse feito outra escolha?”; “E se eu não tivesse aceitado aquele convite?”; “E se eu não tivesse desistido?”… Esse “se” é de lascar mesmo! E se a gente cair nessa armadilha, vai viver atormentado.
As escolhas nos definem, é verdade. Mas até mesmo essas definições são temporárias. Somos inacabados até o último sorriso, ou até a última lágrima. E isso, acredite, é a parte mais maravilhosa de estar vivo!
(Ana Macarini, via A soma de todos os afetos)