A sintomática exclusão de Brendan Eich, criador do JavaScript e co-fundador da Mozilla Brendan Eich é um nome relevante da história da internet. Ele criou a linguagem de programação JavaScript e foi co-fundador da Mozilla, a empresa que desenvolveu o Firefox, um dos navegadores mais populares do mundo.
Brendan não tinha histórico de incompetência no que fazia – muito pelo contrário. Na companhia que ajudou a fundar e da qual participou botando a mão na massa desde o início, era visto como “o homem certo no lugar certo”. Tanto que, em 2014, foi nomeado CEO, ou seja, diretor executivo da empresa.
Mas Brendan Eich durou neste cargo pouco mais de uma semana.
A empresa, pressionada por uma campanha que acusava Brendan de “homofobia“, o “convidou” a sair, alegando uma política de… “tolerância” e “mente aberta”! Tolerância e mente aberta, entenda-se, conforme definidas por uma ideologia que prega tolerância e mente aberta aos outros, mas não a si própria.
O gesto de “homofobia” de Brendan Eich foi ter doado 1.000 dólares, em 2008 (ou seja, seis anos antes da polêmica), para apoiar o casamento tradicional, definido como a união natural entre homem e mulher abertos à vida. Esse donativo tinha sido feito em apoio à assim chamada “Proposta 8“, um projeto de lei, na Califórnia, que defendia que o conceito de “casamento” continuasse limitado à descrição da união entre um homem e uma mulher.
Brendan não havia usado dinheiro da empresa para apoiar a “Proposta 8”, nem tinha sustentado a proposta com a influência do seu cargo, nem forçado ninguém da Mozilla a concordar com a sua opinião pessoal.
Brendan havia apenas exercido o seu direito cidadão de apoiar, a título particular, com dinheiro do próprio bolso, um projeto que lhe parecia coerente com as suas convicções pessoais. Exatamente do mesmo jeito que outros empresários doam milhares, milhões e até bilhões de dólares para projetos alinhados com as convicções deles, o que inclui assuntos espinhosos como a ampliação do aborto, as pesquisas com células-tronco embrionárias, a eutanásia, a legalização das drogas ditas recreativas etc. Tim Cook, da Apple, e Jeff Bezos, da Amazon, por exemplo, doam somas milionárias a grupos ativistas gays. Mas Brendan não podia doar 1.000 dólares a uma proposta pela qual se reconheceria que existe uma diferença natural e de conceito específico entre os diversos tipos de união e um casamento propriamente dito.
Brendan não misturou as suas convicções pessoais com as políticas da organização, nem cometeu qualquer discriminação entre os empregados com base em orientação sexual, cor da pele, religião ou qualquer outro fator.
Aliás, até o influente jornalista homossexual Andrew Sullivan admitiu que “não há sequer uma centelha de evidência de que ele [Brendan] tenha discriminado uma única pessoa gay na Mozilla”, de modo que toda a polêmica furiosa contra Brendan Eich “deveria enojar qualquer pessoa realmente interessada numa sociedade mais diversa e tolerante”.
Pois é.
Nada disso, porém, lhe valeu de nada. O lobby LGBT, aquele mesmo da “tolerância” e da “mente aberta“, não abriu exceção à própria intolerância e mente fechada: Brendan Eich precisava ser retirado do cargo e desligado da empresa. Fim.
Particularmente irônico é que, naquele mesmo ano de 2008, o então candidato Barack Obama afirmou, com toda a clareza (e falsidade) que, para ele, como cristão, o casamento é a sagrada união entre um homem e uma mulher. Também naquele ano, a maioria dos eleitores da Califórnia votou a favor da Proposta 8. Brendan Eich tinha adotado, portanto, uma postura em nada diferente daquela do então candidato Obama e da maioria dos californianos. Mesmo assim, ele precisava ser punido, sem tolerância nem abertura de mente, pelos defensores da tolerância e da abertura de mente.
A bem da verdade, houve um número considerável de líderes homossexuais e heterossexuais que se manifestaram contra essa crucificação de Brendan Eich. Eles fizeram um chamamento a atitudes realmente tolerantes e assinaram o documento “Freedom to Marry, Freedom to Dissent” (“Liberdade para Casar, Liberdade para Discordar“). Mas contra eles também caiu a ácida reação da turma “tolerante” e “mente aberta”.
O ativista LGBT John Becker, por exemplo, escreveu: “Se Brendan Eich tivesse doado a um grupo supremacista branco (sic) ou neo-nazista, vocês fariam os mesmos apelos por ‘consideração’ e por um ‘vigoroso debate público’ sobre os méritos desses pontos de vista ‘discordantes’? Vocês trabalhariam tanto para sustentar a ficção de que existem dois lados moralmente equivalentes em posturas como o racismo, o sexismo e o antissemitismo? Ou é só a homofobia que merece essa forma especial de ‘tolerância’?”.
Dito de outra forma: a menos que você celebre e apoie todos os objetivos do ativismo LGBT, você será etiquetado de intolerante; e se ousar apoiar uma causa conservadora pró-família, você será acusado, vituperado e comparado a um racista, um nazista e um antissemita. Isto deve ser um exemplo da tal “mente aberta” e “tolerância” pregada aos outros.
Felizmente, apesar do golpe profissional e pessoal desferido pelos “tolerantes de mente aberta”, Brendan Eich prosseguiu trabalhando e criou a Brave Software, desenvolvedora do novo navegador de internet Brave.
Depois de toda a experiência vivida, o nome, “Bravo”, é particularmente significativo.
Post scriptum: este artigo será alvo da “tolerância” e da “mente aberta” em 5, 4, 3, 2, 1…