E o primeiro dever da caridade não está na tolerância das convicções errôneas, explica São Pio XA doutrina católica ensina-nos que o primeiro dever da caridade não está na tolerância das convicções errôneas, por mais sinceras que sejam, nem na indiferença teórica e prática pelo erro ou pelo vício em que vemos mergulhados os nossos irmãos, mas no zelo pela sua restauração intelectual e moral, não menos que pelo seu bem-estar material.
Esta mesma doutrina católica nos ensina também que a fonte do amor ao próximo se encontra no amor a Deus, Pai comum e fim comum de toda a família humana; e em Jesus Cristo, do qual somos membros, a tal ponto que fazer o bem aos outros é fazer o bem ao próprio Jesus Cristo. Qualquer outro amor é ilusão ou sentimento estéril e passageiro. Na verdade, nós temos a experiência humana de pagãos e sociedades seculares de eras passadas para mostrar que a preocupação com interesses comuns ou afinidades de natureza pesam muito pouco contra as paixões e desejos selvagens do coração.
Não, veneráveis irmãos, não existe verdadeira fraternidade fora da caridade cristã. Através de Deus e do seu Filho Jesus Cristo, nosso Salvador, a caridade cristã abrange todos os homens, para consolar a todos e para conduzir a todos eles à mesma fé e à mesma felicidade celestial. Separando a fraternidade da caridade cristã assim entendida, a democracia, longe de ser um progresso, constituiria um desastroso recuo para a civilização.
(…) É necessária a união dos espíritos na verdade, a união das vontades na moral, a união dos corações no amor de Deus e do Seu Filho Jesus Cristo. Ora, esta união só poderá ser realizada pela caridade católica, que é a única, por consequência, que pode conduzir os povos no caminho do progresso, para o ideal da civilização.
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Papa São Pio X, na carta apostólica ”Notre Charge Apostolique” (25 de agosto de 1910)