Para não causar constrangimentos, a professora, desde a pré-escola, só poderia chamar seus alunos e alunas, genericamente, de criançasFoi inserida na Base Nacional Curricular Comum (BNCC), do Ministério da Educação, a antinatural ideologia de gênero.
Essa ideologia visa apagar do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, as suas características naturais de ser homem ou mulher. Para os ideólogos de gênero viria à luz apenas um indivíduo que, independentemente de suas características biológicas dadas pela natureza, deveria seguir somente a sua sexualidade psicológica ou social: escolheria ser homem, mulher ou neutro (nem um nem outro).
Para não causar constrangimentos, a professora, desde a pré-escola, só poderia chamar seus alunos e alunas, genericamente, de crianças, pois eles são – para os ideólogos de gênero – seres ainda indefinidos. Afinal, sempre segundo tal ideologia, não escolheram o que virão a ser, de modo que se a professora começar a dizer que seus alunos são meninos ou meninas iria influenciá-los em sua “opção sexual” futura.
A mesma restrição valeria para os pais. Se disserem que têm um filho (homem) e uma filha (mulher), estarão, à moda de verdadeiros opressores (em linguagem comunista), se posicionando contra a “politicamente correta” ideologia de gênero e, com o tempo, poderão sofrer sanções por parte do Estado a vigiá-los quanto ao modo como devem ensinar seus próprios filhos e filhas.
Aquele sadio princípio cristão que sempre ensinou ser a educação, em todos os níveis, função especial dos pais ou dos responsáveis primeiros estaria derrubado: pais e professores seriam proibidos de “oprimir” a criança com uma educação segundo a lei natural moral. Caso o fizessem seriam punidos pelo – então, aqui sim, “grande opressor” – o Estado onipotente de índole totalitária.
Quanta contradição! Poderá exclamar o (a) leitor(a) atento(a). Infelizmente, temos de lhe responder, que esse absurdo só chama a atenção das pessoas de bom-senso, pois para os ideólogos de gênero não há absurdo algum em tudo isso, mas, sim, uma meta objetiva e bem definida a ser atingida. Com efeito, o ponto final dessa revolução é impor, sem argumentos científicos (que não têm), tudo o que contraria os planos de Deus para o ser humano.
Para tal, agem em várias frentes (legislativa, executiva ou judiciária). Contudo, o objetivo é único: instituir – do mesmo modo opressivo que tanto dizem combater – ao ser humano o antinatural.
Por fim, dando razão ampliada ao bioeticista australiano P. Singer, poderão pleitear a união entre um ser humano e um animal irracional ou dar razão aos defensores do edadismo ou etarismo que, especialmente nos Estados Unidos, dizem o seguinte: uma pessoa de 20, 30 ou mais anos poderia – sem ser acusada de pedofilia – manter relações sexuais com crianças de 3 ou 10 anos (cf. J. Scala. Ideologia de gênero. S. Paulo: Katechesis/Artpress, 2011, p. 65-67 – uma das fontes deste artigo).
Pois bem, essa é a realidade prenunciada, por ora, em doses homeopáticas, pela ideologia de gênero às escolas a partir de 2018, mas que pode ser, corajosamente, revertida, se o povo for, devidamente, alertado e cobrar de quem de direito – no campo civil e religioso – uma reação, ordeira e legal, junto ao Ministério da Educação.
Afinal, quem, em sã consciência, não se preocuparia com o próprio futuro e com o dos seus, de modo especial em idade escolar?
Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo.