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Não precisa ser tão estressante ser uma boa mãe ou um bom pai

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Bénédicte de Dinechin - publicado em 25/12/17
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Às vezes, precisamos jogar fora os livros sobre regras e seguir nossos instintos 

Hoje em dia, parece que tentar ser pai e mãe perfeitos é empurrar as pessoas para seus limites – na medida em que alguns pais estão seriamente desencorajados a ter um segundo filho. Eles lutam com as noites sem dormir aparentemente infinitas, não encontrando um momento de paz; isso é demais, especialmente em cima de todos os compromissos de trabalho.

A situação não melhora se os cônjuges não compartilham os mesmos sentimentos ou discordam dos estilos de paternidade – onde um dos pais pode querer repreender seu filho e o outro pode achar isso difícil, dizendo que “amam muito seus filhos” para repreendê-los.

Há discussões intermináveis em fóruns envolvendo mães e pais desesperados por ajuda e conselhos – pais que estão realmente esgotados e chegando à depressão. Os negócios estão crescendo para psicólogos especializados em crianças e famílias.

Onde você está, Maria Montessori? No século passado, você nos ajudou a descobrir o valor de reconhecer a personalidade e os interesses de bebês e crianças pequenas, mas hoje parece que eles se tornaram tiranos.

Talvez a culpa recaia sobre o filósofo Jean-Jacques Rousseau, que propôs uma visão idealizada das crianças como criaturas puras e totalmente inocentes, cujo desenvolvimento não deve ser prejudicado, manchado ou restringido por limites e instituições não naturais. Ele ensinou que, desde a infância, elas deveriam ser autorizadas a seguir suas inclinações naturais em sua educação, enquanto seus pais deveriam principalmente protegê-las de influências externas ruins.

Curiosamente, Rousseau abandonou os cinco filhos para o Estado. Talvez não fosse tão especialista assim.

Em janeiro passado, o famoso fabricante de chocolate Kinder patrocinou um estudo sobre relações pai-filho e quanto tempo eles gastam juntos. Os resultados confirmaram o que as redes sociais e as conversas com os pais têm mostrado: 93% dos pais questionados acreditam que não há maior sucesso na vida do que ser um bom pai, mas quase metade sente-se estressado e 54% se sentem culpados por não ser suficientemente paciente com seus filhos. Enquanto a primeira estatística é boa, as outras mostram como é difícil ser pai. O que significa, exatamente, ser um bom pai e até onde precisamos ir para ter sucesso?

Confie em seus instintos

Com um número infinito de manuais pedagógicos que enchem as prateleiras, é uma surpresa que os pais comecem a duvidar de sua própria intuição? Desde livros que oferecem conselhos sobre conquistar a confiança do seu filho, até formas eficazes de impor limitações aos filhos, os pais ficam focados no que estão lendo e estão esquecendo de serem espontâneos e de confiar em seus instintos.

Muitas vezes os livros acabam inspirando mais ansiedade do que sucesso. Muitos psicoterapeutas e psicólogos infantis se concentram na paternidade positiva, orientados para eliminar qualquer coisa que assuste ou envergonhe uma criança. Isso parece um ideal digno, mas precisamos ter cuidado.

Lola, mãe de três crianças da escola primária, sabia o suficiente sobre “educação positiva”. Ela realmente tentou fazer tudo corretamente, mas as expectativas irrealistas inspiradas no método a levaram a um ponto de ruptura. Um dia, a pressão de se segurar para não repreender seu filho na mesa foi demais e ela acabou jogando um copo de água no rosto de seu filho e depois começou a chorar. Hoje, ela vê esse evento como salvação: “Eu não era mais eu mesma; eu queria me conformar com um modelo. Hoje eu confio mais em meus instintos, e embora eu possa voltar a gritar às vezes, também gasto mais tempo com momentos divertidos com meus filhos”.

Seja clara em suas regras

Apesar do nosso desejo de fazer as coisas de forma adequada e pegar todos os conselhos de especialistas, nossos melhores esforços ainda podem, por vezes, acabar de forma inesperada e indesejada, especialmente quando o conselho é levado ao extremo ou é mal interpretado.

Quando Maria Montessori projetou seu método, ela não defendeu deixar as crianças experimentarem o que quisessem. Ela desenvolveu um quadro específico para a aprendizagem, em que as crianças são acompanhadas por um adulto que não simplesmente as deixam em seus próprios dispositivos para descobrir coisas por si só. Em vez disso, o método ensina as crianças a realizar ações que tenham sido cuidadosamente pensadas, até o menor detalhe, para o desenvolvimento físico e intelectual da criança. Regras e limites claros dão às crianças uma sensação de segurança, assim como os códigos de trânsito para usuários de automóveis.

É importante lembrar que, embora possamos ter um respeito saudável pelos interesses das crianças e pela autodeterminação, elas precisam de orientação e disciplina. É verdade que o pêndulo às vezes se inclina muito na direção do autoritarismo, mas precisamos evitar também que ele se incline muito na direção oposta. Às vezes, a “vanguarda” da psicologia exclui demais os métodos tradicionais de educação infantil.

Tenha autoconfiança

Qualquer tipo de paternidade requer confiança por parte da mãe e do pai. Lembre-se: você é o adulto. Você é o responsável, não o seu filho. Ouça os especialistas, obtenha conselhos conforme necessário, respeite seu filho, aprenda com seus erros (e com os de seus próprios pais), mas não tenha medo de tomar decisões e ser você mesmo, com seu próprio estilo de paternidade. Impor certas regras – como maneiras à mesa e horas razoáveis ​​de dormir – fornece a estrutura necessária para que seus filhos sejam felizes, saudáveis ​​e preparados para viver na sociedade.

Você cometerá erros – todos os pais cometem! – mas não é o fim do mundo. Precisamos lembrar que o perfeccionismo é o inimigo do progresso. Seus pais cometeram erros e você viveu para contar a história, certo?

Cuide de você mesmo

O paradoxo de ser pai é que, quando você não tem tempo suficiente para você mesmo, na verdade, é quando você mais precisa disso. Ser um pai/mãe dedicado/a não significa desistir de tudo o que você gosta. Coordene os deveres da paternidade com o seu cônjuge para dar um ao outro tempo para relaxar e fazer coisas que você ama, como ir à academia ou ir ao cinema. Se você não tem vida porque está gastando todo o seu tempo carregando seus filhos de uma atividade à outra, não esqueça que você pode tentar coordenar com outras mães ou pais, ou adolescentes responsáveis, para compartilhar e para dar um ao outro tempo para respirar. Você não pode cuidar de sua família se o seu corpo excessivamente estressado ficar doente.

Além disso, não pense que você sempre tem que fazer tudo para todos. Embora seja bom para a família ter uma refeição juntos todos os dias, isso não significa que a mamãe ou o papai precisam cozinhar todos os dias; sobras e microondas existem por algum motivo. Sua casa também não precisa estar impecável 24 horas por dia 7 dias por semana.

Então, se você sente esgotada, exausta pela fadiga emocional, desgastada pelo choro do seu bebê, ou sobrecarregada pela crescente confusão e ruído constante, lembre-se: você tem permissão para ser imperfeita. Não hesite em estabelecer limites, delegar, pedir ajuda, encontrar tempo para você e ser você mesma.

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