Porta-voz do Vaticano confirma informação revelada pelo pontífice aos jesuítas no Peru O Papa Francisco ouve as vítimas de abusos sexuais cometidos por membros do clero ou instituições da Igreja Católica e se encontra com elas várias vezes ao mês de maneira “estritamente confidencial”. É o que informou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke.
“Em respostas às perguntas dos jornalistas, posso confirmar que, várias vezes ao mês, o Santo Padre se reúne com vítimas de abuso sexual tanto individualmente como em grupo”, diz o comunicado oficial.
“O Papa Francisco ouve as vítimas e tenta ajudá-las a curar as graves feridas causadas pelos abusos sofridos. As reuniões acontecem com a mais estrita confidencialidade, respeitando as vítimas e seu sofrimento”, adicionou Burke.
As declarações são uma resposta às polêmicas divulgadas na imprensa internacional, especialmente na América Norte, que desfiguram a luta contra a pedofilia no pontificado de Francisco.
Segundo a última edição da revista La Civiltá Cattolica, publicada em 15 de fevereiro de 2018, o Papa mencionou estas reuniões aos jesuítas do Peru em sua viagem ao país, em janeiro.
O Papa assegurou que estas entrevistas acontecem principalmente às sextas-feiras. “O processo [de cura das vítimas] é muito difícil, elas ficam aniquiladas. Para a Igreja, é uma grande humilhação”, disse o Papa aos jesuítas peruanos.
Ainda no Peru, o Bispo de Roma reiterou que os abusos sexuais são a “maior a maior desolação que a Igreja experimentou”, que “nos causa vergonha. É terrível, porque Deus ungiu esses sacerdotes para santificar crianças e adultos, e ele (o padre abusador), por outro lado, os destrói”.
Francisco também enfatizou o fato de haver “várias congregações relativamente novas, cujos fundadores cometeram esses abusos”.
O pontífice assegurou ainda que o abuso “é sempre o resultado de uma mentalidade ligada ao poder” e que “há três níveis de abuso: abuso de autoridade, abuso sexual e abuso econômico”. E – disse Francisco – “o diabo entra pelos bolsos”.