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Quando a mentira custa uma vida: a única vez em que não consegui evitar um aborto

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Sempre Família - publicado em 15/02/18
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Em 10 anos, Zezé Luz já ajudou a salvar centenas de bebês, mas nunca se esqueceu do único caso que ela perdeuA cantora e líder pró-vida Zezé Luz é bastante conhecida no meio católico e no movimento pró-vida. Aos 50 anos de idade, Zezé viaja por todo o Brasil prestando assistência a mulheres que por algum motivo escolhem o aborto como a solução para os problemas que vêm enfrentando. Em dez anos de ativismo pró-vida, Zezé conta já ter salvo 500 bebês do aborto. E perdeu um. Essa é a história que você vai conhecer hoje.

O próprio testemunho de Zezé – que abortou uma filha quando era jovem e hoje se arrepende – faz com que muitas mulheres recorram a ela para buscar ajuda ou consolo. “Obviamente que quanto mais você expõe a sua história em cada testemunho, pregação e retiro, mais mulheres vêm completamente feridas”, conta ela.

“Uma vez preguei para mil mulheres no Rio de Janeiro e uma veio chorando, se ajoelhou aos meus pés e disse: ‘Eu fiz um aborto e não me perdoo. Eu sofro muito com isso, me ajude. O meu marido pagou para eu tirar meu filho de dentro de mim, com 6 meses de gestação. A metade saiu e a outra metade ficou dentro de mim e eu sofri uma infecção. Fiquei 40 dias em uma UTI, quase morri e não perdoo meu marido pelo que ele fez comigo’”, conta Zezé.

“São histórias que você diz: ‘Meu Deus!’ Elas destroem a vida do ser humano. Porque criança é bênção, filho é bênção. E toda mulher precisa ser amada e acolhida. Ela não precisa passar por nenhum sofrimento”. É a experiência que Zezé busca proporcionar às gestantes em situação de vulnerabilidade.

A única perda em 10 anos

Em todos os seus anos de atendimento às gestantes e defesa dos nascituros, Zezé conta que apenas uma vez não conseguiu dissuadir uma mulher de fazer um aborto. A moça, uma goiana de 17 anos, relatou que havia engravidado ao ser estuprada pelo marido de sua mãe. “Viajei até a cidade dela e fui à sua casa. O aborto estava marcado para o dia seguinte”, relata Zezé.

“A moça já estava com tudo pronto para o aborto e conversei com ela no dia, a Elba Ramalho falou com ela e a mãe dela também, por telefone”, diz a ativista. “A Elba disse que adotaria a criança. Eu fiquei três dias na cidade, amparada pelos advogados que a gente tem na rede, por psicólogos e assistentes sociais, oferecendo tudo para aquela família”.

“Nós nos surpreendemos quando entrei em contato com o suposto estuprador e ele me disse: ‘Eu não a violentei. Namoramos há 8 meses e estamos planejando nos casar. Eu namorei a mãe dela, mas aí me apaixonei por ela e agora a gente está junto’”, relata Zezé.  “Eu respondi: ‘Então você tem o direito de salvar esse filho’”.

“A moça nos enganou, porque disse que eu poderia ir no dia seguinte às 7 horas da manhã para continuarmos a nossa conversa, mas a mãe dela a levou para o hospital. O rapaz foi até lá e a polícia estava na porta”, conta. “Ele foi algemado, mas pôde se ajoelhar e pediu perdão a um sacerdote no local. Eu entrei no hospital, busquei o médico que estava fazendo o procedimento e pedi clemência à médica. Avisei para que ela aguardasse os novos fatos. Fomos ao fórum, levamos habeas corpus, a delegada entrou no hospital, deu ordem de prisão e pediu para que ninguém continuasse o procedimento de aplicação do abortivo na veia da adolescente”.

“Naquele dia nós ficamos no hall do hospital pedindo a Deus para a criança não ser esquartejada. Enquanto isso a juíza saiu do fórum, foi até o hospital e decretou que a criança tinha que continuar sendo morta gradativamente pela dosagem do abortivo”, conta Zezé. “Nesse dia eu precisei voltar para o Rio e de madrugada a delegada lá da cidade me ligou aos prantos dizendo que a criança havia sido morta. Era um menino. O rapaz era mesmo inocente. A moça ficou trinta dias internada com uma infecção, o que prova que não existe aborto seguro: o dela não foi e nem o meu. Nós criamos uma rede de intercessão para orar para que ela não morresse”.

“Acho que foi o caso mais traumatizante, porque eu não havia perdido nenhum bebê até então. E fizemos o que foi possível como movimento e estrutura de apoio. Tudo por uma mentira!”, avalia Zezé. A moça havia sido abandonada pela mãe anteriormente e tinha medo que a mãe voltasse a abandoná-la se soubesse que o seu namorado a havia traído com a filha.

A vida humana, valor inegociável

“Nada justifica você desistir da vida humana. A mulher não precisa sofrer ou sangrar, porque ela nunca vai apagar da memória e do coração aquela criança que gestou. Eu sou mãe de duas filhas: uma morta e uma viva”, avalia Zezé. “Se eu pudesse voltar atrás, eu fugiria como Maria para proteger meu bebê, mas não posso mais fazer isso. O que posso fazer é lutar para que a cultura de morte não assole essa nação. Que os governantes tenham essa consciência: a nação não pode se insurgir sobre ela mesma. Por que o que vai ser daqui para frente? Seres humanos matando uns aos outros porque simplesmente não aceitam sua realidade de vida?”

Ela diz que, sempre que atende uma adolescente grávida que está cogitando o aborto, pergunta a ela se os pais estão sabendo do que está acontecendo. “É que se minha mãe tivesse conhecimento, ela jamais teria permitido que eu saísse na companhia de alguém e entrasse em um hospital para fazer o aborto. Ela teria criado a neta, minha filha”, conta. “Minha mãe usa antidepressivos hoje porque ela diz que a doença foi agravada por aquilo que fiz. Ela não viveu diretamente esse trauma, mas ela também sofre com ele”.

Zezé recorda o caso da jovem Rebeca, que solicitou permissão para abortar ao STF por não ter condições financeiras de criar o bebê. “Então metade da população brasileira vai matar seus filhos por dificuldade financeira?”, questiona a ativista. “Estamos diante de partidos que querem promover essa agenda e a gente sabe de onde vêm esses recursos. Então chega de sujar esse solo e de sujar as mãos de sangue”.

“Que a gente possa olhar nos olhos de cada criança e refletir essa vida bela e plena que Deus deseja para nós. Que as mulheres que sofreram algum trauma como eu sofri possam se levantar recomeçar e voltar à sua consciência e reconhecer sua prática se reconciliando com Deus e com seu bebê”, conclui.

Artigo originalmente publicado em Sempre Família 

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