Juliano, o Apóstata, renegou Jesus Cristo e quis até reconstruir o Templo de Jerusalém para desafiar a Sua profecia – mas apenas a reconfirmouPor volta do ano 360, a Igreja enfrentava uma implacável perseguição não cruenta movida pelo imperador romano Juliano, denominado o Apóstata porque, embora tivesse sido batizado e educado na fé cristã, renegava Cristo e procurava denodadamente restabelecer as velhas crenças e cultos pagãos greco-romanos.
Ainda que não promovesse as carnificinas contra os cristãos que tinham ensanguentado os primeiros séculos da Igreja em Roma, Juliano apoiava cismáticos e hereges, despojava a Igreja de seus bens, proibia os cristãos de se defenderem nos tribunais e até vetava que eles dessem aulas nas escolas.
Muito culto e refinado, poderia ter feito grandes coisas pelo Império, mas dedicou suas forças a combater a fé a ponto de cometer insensatezes como a tentativa de reconstruir o Templo de Jerusalém, motivado pela intenção de afrontar Jesus Cristo e “desmascará-lo” como “falso profeta”, visto que Jesus tinha afirmado que, daquele templo, não restaria pedra sobre pedra.
Juliano chegou a orquestrar grandes movimentações de engenharia para levar adiante aquela grandiosa e custosa empreitada, mas, apenas colocadas as primeiras pedras, um terremoto avassalador voltou a derrubá-las. Em vez de “desmascarar” a profecia de Jesus, Juliano acabou assim ajudando a comprová-la. O templo de Jerusalém nunca mais voltou a ser reconstruído.
A este respeito, o contemporâneo São João Crisóstomo exclamou:
“Cristo edificou a sua Igreja sobre a pedra e nada pôde derrubá-la. Ele derrubou o templo e nada pôde reedificá-lo. Ninguém abate o que Deus eleva, nem eleva o que Deus abate”.
Partindo depois para uma guerra contras os persas, Juliano foi ferido mortalmente por uma flecha. Uma antiga tradição copta atribui a flechada a São Mercúrio. Segundo essa mesma tradição, Juliano era ex-colega de estudos de ninguém menos que São Basílio Magno. Aprisionado logo no início desse governo imperial, São Basílio teria invocado a ajuda de São Mercúrio e recebido uma visão na qual o santo lhe revelava ter atingido o imperador com a flecha. O ícone que aparece na imagem ilustrativa desta matéria representa essa tradição.
Tradições coptas à parte, o historiador Teodoreto relata que, uma vez atingido pela flecha, o imperador apóstata levou a mão à ferida, recolheu do próprio sangue que jorrava aos borbotões e o lançou ao céu, gritando para Jesus Cristo:
“Tu venceste, Galileu!”
Juliano foi, de fato, o último imperador pagão de Roma. Ele morreu aos 32 anos, sem filhos, depois de apenas 20 meses à frente do Império que tentara descristianizar.