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São Valentim, o segredo do santo dos apaixonados

St. Valentine Kneeling in Supplication
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Miriam Diez Bosch - publicado em 01/04/18
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Recuperada uma biografia escondida por séculos

São Valentim é um santo reconhecido não apenas pelos católicos: também é reconhecido pela Igreja Ortodoxa e Anglicana. Era um bispo, e é o patrono dos namorados. Mas como ele passou de bispo a santo do amor? Shakespeare tem algo a dizer: ele, em sua busca do segredo do amor eterno, foi parar nas pegadas do santo dos namorados.

Para entendê-lo um pouco melhor fomos à cidade italiana de São Valentim: chama-se Terni, e Arnaldo Casali, autor de Valentino, Il segreto del santo innamorato (Valentim, O segredo do santo apaixonado), www.daliaedizioni.it, acompanhou-nos à célebre basílica onde está o corpo do santo.

Casali (Terni, 1975) é licenciado em História Medieval pela Universidade La Sapienza em Roma e é diretor artístico do Festival de Cinema “Popoli e Religioni”. Colabora com o Pontifício Conselho para a Família.

São Valentim é um santo antigo, lembra Casali, um jovem que, no momento da crise do Império Romano, desafia a sociedade em vários níveis. Este bispo torna-se o ícone do amor, especificamente dos apaixonados muitos séculos após a morte.

A razão pela qual um bispo é conhecido mundialmente como o santo padroeiro dos namorados é basicamente porque sua festa coincidiu com as festas Lupercali, as festas romanas dedicadas à fertilidade e que o Papa Gelásio aboliu definitivamente em 496.

Casali explica que, na realidade, a associação entre o Dia de São Valentim e a Festa dos Namorados “vem até nós através de Shakespeare, em Hamlet”. E por uma coincidência significativa: a poucos passos de Verona, a cidade de Romeu e Julieta, encontra-se o povoado de Bussolengo, cujo patrono é São Valentim.

Já no século IV começou a ser construída em Terni a basílica que atrai apaixonados de todo o mundo e é onde o bispo foi enterrado. O edifício atual é do século XVII.

Casali explica que São Valentim também é conhecido como São Valentim de Terni ou de Intermamma. Este bispo romano era um jovem patrício convertido ao cristianismo, que foi consagrado bispo muito jovem, e morreu aos 97 anos como mártir.

Nascido em Terni no ano 176, ele foi martirizado em Roma em 14 de fevereiro de 273. Foi perseguido por sua fama evangelizadora e por ter promovido casamentos entre romanos e cristãos. Seu martírio é descrito no Martyrologium Herionymianum e no Passio Sancti Valentini, onde se explica como ele foi decapitado.

“Pensar em São Valentim por um tempo significava chocolates, jantar e velas, uma visão consumista do amor, diferente da realidade do antigo bispo que abençoou os apaixonados”, admite Casali.

Hoje vem à mente um jovem santo cheio de amor e paixão, onde muitas cidades queriam que ele fosse patrono: de Terni, onde ele está enterrado, passando por Lublin na Polônia, ou Dublin na Irlanda.

“A esperança é que este santo que todos celebram e que ninguém conhece um dia possa se tornar um personagem amado em todo o mundo”, deseja Arnaldo Casali.

Em Terni, as bicicletas de uso público são chamadas de “valentinas”, e é comum encontrar qualquer coisa em forma de corações, de doces a roupas. Todo domingo antes da festa, dezenas de jovens que vão se casar nos próximos meses vão à basílica para uma benção.

O santo também é muito popular em outras partes da Itália. Casali, apaixonado por sua cidade de Terni, reivindica seu santo como parte da tradição cristã europeia: “Não é um santo comercial ou de Hollywood”, conclui.

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