Um caloroso aplauso espontâneo dos muitos fiéis que participavam na celebração eucarística por ocasião de PentecostesGrande alegria na Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, no anúncio de que durante a Missa presidida pelo Papa Francisco na Basílica Vaticana no dia de Pentecostes se rezou também em “sango”, a língua do país.
Um caloroso aplauso espontâneo dos muitos fiéis que participavam na celebração eucarística por ocasião de Pentecostes. O pároco da Catedral e vigário geral da Arquidiocese, Pe. Mathieu Bondobo, contou ao Vaticano News sobre este momento particular vivido em Bangui. Padre Mathieu, – recordamos -, é o sacerdote que esteve sempre ao lado do Papa Francisco durante a sua viagem à República Centro-Africana, em novembro de 2015, traduzindo as suas palavras para a língua local.
Esta pequena notícia de uma simples oração – disse Pe. Bondobo – deu muita alegria ao coração dos fiéis: “Sentimos que não estamos sozinhos: Deus, a Igreja, o Papa estão conosco. Há irmãos e irmãs que rezam por nós, mesmo se estão distantes, e ouviram nossa língua e isso é maravilhoso “.
Na Basílica de São Pedro, esta oração foi pronunciada em “sango” pelos que sofrem: “Deus Pai os alcance com o Espírito Consolador: nenhuma lágrimas seja derramada inutilmente e nenhuma dor seja dominada pelo desespero”. “Esta oração – sublinha Padre Bondobo – fala sobre a nossa situação atual. Há tantos sofrimentos e lágrimas e o Espírito é enviado para exugá-las. A situação na República Centro-Africana é terrível. Os rebeldes vivem com as armas e estão sempre prontos para atacar. Eles vivem aqui entre nós, sabemos onde eles estão, eles sabem como e quando atacar. Isso não pode ser tolerado, é uma coisa tremenda, nos perguntamos até quando essa situação poderá durar “.
“A violência está de volta – acrescenta o sacerdote – porque há aqueles que não querem a paz ou têm outros projetos para a República Centro-Africana e usam armas, manipulação, confusão. Há quem não queira a democracia que chegou com as eleições. A paz infelizmente não voltou como esperávamos “.
No dia 1º de maio último, alguns rebeldes atacaram a Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Bangui, durante a missa pela festa de São José Operário, matando 16 pessoas, incluindo um sacerdote. “Foi terrível – diz o padre Mathieu – mas não acabou porque alguns dias depois a violência também atingiu a cidade de Bambari, onde muitas pessoas foram mortas e milhares escaparam para encontrar refúgio em outro lugar”.
“Agora – continua o padre – há o medo. Mas esse medo não nos impede de viver a nossa fé. Hoje, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, muitos jovens receberam a Crisma. Foi também celebrado um matrimônio. E assim, nas outras paróquias de Bangui, muitos foram à missa e muitos receberam a Crisma no dia de Pentecostes. Este é um sinal forte para dizer que o medo não acaba com a nossa fé. Pelo contrário, nos dá força, porque o Espírito que recebemos do Senhor é um espírito de força, de sabedoria, de amor “.
Padre Bondobo recorda com emoção a visita do Papa que tinha levado paz ao país, graças também aos seus encontros com a comunidade muçulmana: “Foi um momento único para nós. Vivemos como se o próprio Deus tivesse vindo visitar esse povo, seu povo. O Papa abriu a Porta Santa em Bangui para o Ano Santo da Misericórdia, antes de todas as outras Igrejas, antes mesmo de Roma. Ele proclamou Bangui a capital espiritual do mundo. Para nós não foram apenas palavras, mas uma profecia e uma missão porque, abrindo a Porta Santa aqui conosco, o Papa nos mostrou um caminho a seguir, ele pediu à nossa Igreja que atravessasse a Porta que é Cristo para chegar a Deus. Por isso que o diabo nos combate com violência, mas nós lutamos contra o diabo em nome de Deus e venceremos com as armas da fé contra as suas malícias e tentações “.
O Papa Francisco, no dia 6 de maio, lançara um apelo pela República Centro-Africana durante a oração do Regina Coeli: “Convido a rezar pelo povo da República Centro-Africana, país que tive a alegria de visitar e que carrego em meu coração, e onde nos dias passados se verificaram graves violências com numerosos mortos e feridos, incluindo um sacerdote”.
“O Santo Padre – recorda Pe. Mathieu – disse que a paz é uma coisa artesanal; precisa do trabalho de todos e todos nós devemos permanecer unidos, resistindo ao diabo que quer nos dividir. Para ter a paz, devemos permanecer unidos e não perder a esperança. Uma esperança que nos dá a certeza de também aqueles que foram mortos nas violências agora estão com Deus e intercedem por nós que estamos aqui. Que Deus abençoe a República Centro-Africana”.