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Orgulho e gratidão: 9 destaques entre os heróis do resgate na Tailândia

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Reportagem local - publicado em 10/07/18
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A melhor face da humanidade merece aplausos após um drama que uniu o mundo em solidariedade, esperança e doação até da própria vidaNão é fácil destacar pessoas sem cometer vários e injustos esquecimentos, mas pelo menos alguns dos muitos heróis envolvidos no “resgate da caverna da Tailândia” precisam ser mencionados neste dia em que o mundo assistiu, eufórico, emocionado, ao êxito recompensador deste empenho mundial em salvar 12 meninos e o seu jovem treinador de futebol.

1 – Rick Stanton e John Volanthem, os mergulhadores britânicos

Foram eles que localizaram o grupo vivo após 9 dias desaparecidos, um evento de muito baixa probabilidade que, não à toa, é apontado como “o primeiro e fundamental milagre” de toda esta epopeia. Sem que sequer houvesse a certeza de que o grupo estava lá dentro, Stanton e Volanthem encararam um mergulho dificultado por passagens claustrofobicamente estreitas, águas barrentas com visibilidade quase nula, forte fluxo contrário da água, risco de piora repentina da inundação, escuridão total no ambiente e uma distância a partir da entrada que a maioria das pessoas teria julgado altamente imprudente – os meninos foram achados a quatro quilômetros da boca da caverna, bem adentro do emaranhado subterrâneo. John Volanthem e Rick Stanton têm grande experiência em operações de alto risco envolvendo mergulho e resgate. Merecidamente, Andy Eavis, porta-voz da Associação Britânica de Espeleologia, declarou a respeito dos dois ao jornal The Washington Post:

“Eu disse logo que se alguém encontrasse esses meninos, seriam estes dois mergulhadores, que são os melhores do mundo”.

2 – A complexa e coesa equipe de resgate

Mais de mil pessoas participaram da missão de salvamento, incluindo desde os responsáveis por desenhar a minuciosa e ousada estratégia até os executores propriamente ditos da operação de resgate: os corajosos mergulhadores e os profissionais auxiliares, como os médicos que os acompanharam. Dentre os mergulhadores, 40 eram tailandeses e 50 chegaram de outros países. Mas, além dos especialistas práticos em mergulho dentro de cavernas, compuseram o conjunto dos socorristas também os médicos que precisaram chegar até a cavidade para prestar os primeiros socorros aos meninos, os técnicos em espeleologia, os militares tailandeses, os engenheiros que bombearam milhões de litros de água para fora da caverna, as autoridades governamentais que precisaram tomar decisões extremamente delicadas sob a intensa pressão do tempo e das condições meteorológicas… Foi um espetacular trabalho de equipe em que cada segmento do conjunto precisou funcionar com o máximo grau possível de perfeição.


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3 – Saman Kunan, o mergulhador que deu a vida pelos meninos

Saman Kunan

Saman Kunan – The North Face Adventure Team/Facebook

Aclamado agora como herói nacional, ele tinha 38 anos de idade e era voluntário na ação de resgate. Havia sido militar do grupo de elite da marinha tailandesa, além de atleta de alto rendimento. Praticava vários esportes e, na corrida de aventura, aplicava habilidades como mountain bike, trekking e canoagem. Mesmo não sendo experiente em cavernas, foi um dos primeiros voluntários a entrarem no complexo subterrâneo de Tham Luang, o que dá indícios da sua coragem. A missão de Saman ao mergulhar naquelas águas turvas era levar suprimentos e oxigênio ao grupo dos meninos. Enfrentou 6 horas para chegar à cavidade onde eles estavam presos e, em dado momento do trajeto de mais 5 horas para retornar, ficou ele próprio sem oxigênio. Saman perdeu os sentidos, afogou-se e não pôde ser reanimado a tempo pela equipe de socorro. A sua perda, que abalou os ânimos da equipe num primeiro momento e desafiou o otimismo de todo um planeta, se transformou em motivação adicional para os outros resgatistas: eles declararam que iriam até o fim e que não permitiriam que a morte de um companheiro tivesse sido em vão. O sucesso da operação acabou se tornando a mais excelsa homenagem ao homem que deu a própria vida para que os meninos e seu treinador não perdessem a deles.


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4 – Os voluntários dos bastidores

Vindos às centenas, de diversas regiões da Tailândia e de outros países e até continentes, eles se dispuseram a ajudar no que fossem úteis, por mais secundários que parecessem os seus serviços: desde tradutores até carregadores de materiais; desde massagistas para aliviar a tensão dos profissionais diretamente atuantes nas operações de resgate até mototaxistas que transportavam os voluntários de graça entre a cidade e a caverna; desde amigos e conhecidos à inteira disposição das famílias até moradores locais que ofereciam gratuitamente comida e água a todos os envolvidos na complexa operação. É justo mencionar, ainda, os agricultores dos arredores que chegaram a renunciar com gosto às próprias colheitas em prol do resgate dos meninos: os milhões de litros de água bombeados para fora da caverna tiveram que ser despejados, em parte, em alguns campos de arroz que acabaram assim devastados. Seus donos declararam que a colheita poderá ser recuperada no futuro e que as vidas humanas a serem salvas agora eram incomparavelmente mais valiosas.

5 – As famílias

Procurando manter a calma e evitar compreensíveis explosões de desespero capazes de perturbar as operações, as famílias colaboraram o tempo todo e acataram com sensatez as orientações e determinações das autoridades responsáveis pelo resgate. Foi muito importante para o país, além disso, o testemunho de generosidade das famílias que defenderam a inocência do treinador do time, o jovem de 25 anos que chegou a ser apontado por parte da opinião pública, precipitadamente, como o “culpado” pelo drama.


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6 – Ekkapol Chantawong, o treinador voluntário

Ekapol Chanthawong

Ekapol Chanthawong, via Facebook – Tales of an Educated Debutante

O rapaz de 25 anos, treinador voluntário de futebol, é reconhecido como amigo de confiança pelos meninos do time e pelos seus familiares. Sua autoridade moral, juntamente com a sua experiência de autodomínio como ex-monge budista, foi imprescindível para manter o controle emocional do grupo – e o dele próprio. Durante os 9 dias que se passaram até a chegada dos primeiros socorristas, Ekapol ficou em jejum para deixar o máximo possível de alimento para os meninos, chegando a se tornar, com isto, o mais desnutrido e fragilizado fisicamente de todo o grupo. Em mensagem enviada às famílias após a chegada dos resgatistas, o jovem pediu desculpas por ter levado os meninos ao local, embora tivesse tomado as precauções habituais para um passeio que já tinha acontecido em ocasiões anteriores sem qualquer problema. As famílias declararam que não o consideram culpado e que veem o caso como uma fatalidade. Apesar de apresentar o estado de saúde mais frágil de todo o grupo, Ekapol foi o último a ser resgatado porque a sua presença entre os meninos era considerada fundamental para mantê-los confiantes.


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7 – Os próprios meninos

Os jogadores do agora mundialmente conhecido time dos “Javalis Selvagens” têm de meros 11 anos de idade até 16 e souberam enfrentar uma situação desesperadora com resiliência quase implausível. Vitimados por uma fatalidade, conseguiram sobreviver em condições extremas durante 9 dias à espera de um socorro que não sabiam se chegaria, e, mesmo após a chegada do resgate, mantiveram a paciência e a serenidade durante outra semana completa até que pudessem começar a ser retirados da caverna em uma operação de grande risco. Eles próprios tiveram a presença de espírito de acalmar as suas famílias com mensagens escritas nas quais garantiram estar bem e pediram aos pais que mantivessem a tranquilidade e a confiança. Sua união como grupo, sua capacidade de disciplina e sua notável confiança no jovem treinador foram decisivas para a sua sobrevivência e para o sucesso do resgate.

8 – A humanidade em sua melhor face

A história da civilização registra poucos eventos supostamente “locais” que foram tão capazes de captar com tanta intensidade as atenções e as emoções do planeta inteiro quanto esse drama com final feliz vivido pelos 12 meninos e seu treinador na caverna da Tailândia. Correntes de oração e solidariedade deram a volta ao mundo e competiram, vitoriosamente, com as atenções mundiais devotadas à Copa do Mundo FIFA em andamento na Rússia. É particularmente chamativo o caráter otimista e esperançoso da imensa maioria das reações compartilhadas nas redes sociais, a começar pelos desenhos postados principalmente pelos próprios tailandeses: mensagens de apoio, de fé, de confiança, de solidariedade, de unidade, de resiliência e de perseverança. Treze desconhecidos de um lugar remoto e longínquo passaram de repente a ser uma prioridade nas orações e nos melhores desejos fraternos de bilhões de seres humanos de todos os países, que derramaram tanto lágrimas de comoção quanto de júbilo ao assistirem ao sucesso quase impossível de um resgate no limite da tragédia.


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9 – Deus

Para muita gente, inclusive crentes, soa oportunista mencionar a Deus num caso como este, cabendo, para muitos, um válido questionamento: se Deus de fato os queria sãos e salvos, por que permitiu que eles corressem tanto risco? Esta é uma reflexão de natureza filosófica dentre as mais ricas da longa história do pensamento humano, mas, basicamente, as respostas se emolduram quase todas na mesma perspectiva: a da liberdade dos seres humanos, inerente à sua natureza criada pelo próprio Deus. Se não nos poupa dos males, riscos e limitações que compõem a nossa existência no tempo e no espaço, Deus também não nos nega os recursos e meios necessários para que gerenciemos essa existência a partir da nossa liberdade de arbítrio e de escolha. A Providência Divina age em harmonia com o respeito de Deus pela liberdade que Ele próprio quis atribuir à nossa natureza racional. Mesmo quando a nossa liberdade nos permite agir colocando-nos em risco, Ele não a suprime: em vez de nos tratar como marionetes, Ele prefere nos dotar das faculdades e recursos necessários para que nós próprios assumamos as nossas responsabilidades. Acolher a Sua presença ou descartá-la é apenas um dos cenários em que podemos exercer essa liberdade e suas decorrências. Somos tão livres de arbítrio e escolha que podemos optar até mesmo por prescindir de Deus em nossa vida. Igualmente, somos tão livres de arbítrio e escolha que podemos optar por reconhecer no mistério “cavernoso” da nossa existência neste mundo os rastros da Sua presença que nos aponta os caminhos. É a liberdade da fé, à nossa disposição.

Muito importante: para nós, católicos, também é o caso de reconhecer a intercessão de Nossa Senhora, dos santos e dos anjos, a quem recorremos como família unida de filhos de Deus, com toda a confiança. E certamente foi o que fizemos ao rezar pelos nossos irmãozinhos tailandeses.


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