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Eucaristia: sacrifício (I)

HOLY COMMUNION
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Padre Bruno Roberto Rossi - publicado em 01/08/18
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Abordo, em dois artigos, a Santa Missa como sacrifício a partir do Curso sobre os sacramentos, p. 95-96, e da revista Pergunte e Responderemos n. 6, junho/1958, p. 226-229, obras do monge e teólogo beneditino Dom Estêvão Bettencourt.

A Missa como sacrifício é vista nos próprios relatos da instituição da Eucaristia: Mt 26,26-29; Mc 14,22-25; Lc 22,19-20; 1Cor 11,23-26. Aqui, aparece uma pergunta assim formulada: “Como se entende que a Missa seja o sacrifício mesmo da Cruz? Cristo sofreu uma só vez ou continua a sofrer em cada Missa? Na Carta aos Hebreus 9,12-28 e 10,10-14 está escrito que o sacrifício redentor de Cristo se realizou uma só vez, em oposição aos sacrifícios da Lei mosaica. Sendo assim, como se pode ensinar que a Missa é o mesmo sacrifício da Cruz renovado diariamente sobre os altares? Donde se deduz a necessidade de tal renovação da imolação de Cristo?”.

Eis a resposta do teólogo brasileiro: “Não há dúvida, a epístola aos Hebreus inculca solenemente a unicidade do sacrifício de Cristo oferecido outrora no Calvário: nesse documento Cristo aparece como o Sacerdote Único (cf. 4,14; 6,20; 7,21, 23-24) a se oferecer como Vítima Única e Perfeita (cf. 7,28) numa oblação definitiva (cf. 9,11-14; 25-28; 10,10.14). O Senhor Jesus não precisa de se oferecer muitas vezes, mas sua oblação foi feita uma vez por todas, porque, à diferença do que se dava com os sacrifícios de animais irracionais do Antigo Testamento, a oferta de Cristo possui valor infinito, capaz de expiar todos os pecados, passados, presentes e futuros, do gênero humano; cf. 4,14; 7,27; 9,12.25-26.28; 10,12.14”.

Continua Dom Estêvão: “Junto, porém, com a epístola aos Hebreus, devem-se considerar os textos do Novo Testamento que referem a última ceia do Senhor. Nesta, dois traços chamam a nossa atenção: a) Jesus se apresentou na última ceia como Sacerdote e Vítima. Deve-se mesmo dizer: colocou-se em estado de Vítima que se oferecia ao Pai pelos pecados do mundo; b) mandou aos discípulos reiterarem tal rito”.

“Com efeito, Jesus, ao dar aos Apóstolos o pão e o vinho consagrados, apresentava-lhes o seu corpo entregue (didómenon, em grego; cf. Lc 22,19) e o seu sangue derramadoekchunnómenonpela remissão dos pecados (cf. Mt 26,28: Mc 14,24; Lc 22,20). Ora, no estilo bíblico as duas expressões ‘entregar, dar o corpo (ou a alma)’ e ‘derramar o sangue (pelos pecados)’ indicam a imolação de um sacrifício propriamente dito. Quanto a ‘dar o corpo, a alma’, veja-se Is 53,12; Mt 20,20; Rm 8,32; Gl 1,4; 2,20; Ef 5,25; 1Tim 2,6; Tt 2,14; Hb 10,10. O sentido sacrifical e expiatório de ‘derramar o sangue (pelos pecados)’ depreende-se de Rm 3,25; 5,9; Ef 1,7; Hb 9,7; 1Pd 1,19; 1Jo 1,7”.

“Merece atenção o fato de que na última ceia o Senhor não ofereceu apenas o seu corpo e o seu sangue aos discípulos como alimento, mas ofereceu-os pelos discípulos, em favor destes (hyper hymoon), o que incute o caráter sacrifical do rito (cf. Lc 22,19s). Mais ainda: ao falar do sangue da Nova Aliança na ceia, Jesus aludia a Êx 24,8, texto em que Moisés apresenta o sangue da Antiga Aliança (‘Este é o sangue da aliança que Javé pactuou convosco’); Cristo assim se oferecia como Vítima para selar a definitiva Aliança, em lugar da vítima irracional cujo sangue selara a primeira aliança no Sinai; Jesus assim opunha sangue a sangue, sacrifício a sacrifício, imolação realizada na última ceia à imolação realizada outrora no deserto. A última ceia aparece como a Nova Páscoa, a qual, mediante o sangue do Verdadeiro Cordeiro imolado pelos pecados do mundo (cf. Jo 1,29), faz cessar os numerosos e imperfeitos sacrifícios do Antigo Testamento (1Cor 5,7; Jr 31,31-33).”

A Santa Missa é, portanto, sacrifício. Continuarei no próximo artigo.

 

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