Historiadora tenta explicar como a imagem de Nossa Senhora foi parar no rio Paraíba do Sul em 1717
“A partir da fé, vamos sentindo, vendo e até fazendo comparações com as nossas vidas, de como Deus se manifesta.” Isso é o que diz a historiadora Tereza Pasin, ao tentar encontrar uma explicação para a pesca da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul, em 1717. “Qual a pessoa católica que não gostaria de abraçar Nossa Senhora?”, questiona, ao referir-se à devoção dos fiéis à Padroeira do Brasil.
Tereza é autora do livro Senhora Aparecida – Romeiros e Missionários Redentoristas na História da Padroeira do Brasil (Editora Santuário, 2015), que detalha a pesca da Imagem.
Segundo relatos da obra, a imagem foi encontrada no mês de outubro daquele ano, quando aconteceria a visita de dom Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos e sua comitiva à Vila de Guaratinguetá.
A comida que seria oferecida à comitiva era peixe e, para obter o ingrediente principal do prato, três pescadores foram convocados pelas autoridades: João Alves, Domingos Martins Garcia e Felipe Pedroso. “Foram até o porto de José Correia Leite, na altura da hoje cidade de Roseira e vieram remando, em um mês pouco favorável à pesca. Ao chegarem próximo ao porto Itaguaçu, depois de bastante fatigados, João Alves novamente lançou sua rede de arrasto e sentiu que a rede trazia uma esperança”, escreve a historiadora.
O pescador encontrou o corpo da Imagem sem a cabeça e, com respeito, depositou a peça na canoa. “Continuaram a pesca e, como um sinal, encontra em sua rede uma cabeça e, juntando ao corpo, é a da Imagem da Senhora da Conceição. João Alves a protegeu com um pano”, relata Tereza Pasin.
Após a pesca da Imagem, os peixes começaram a aparecer em grande quantidade e, assim, conseguiram garantir a refeição das autoridades e da comitiva que estava visitando a Vila na ocasião.
Origem da Imagem
A imagem de Nossa Senhora teria sido esculpida por volta do ano 1600. “A provável pessoa que teria feito a imagem foi o frei Agostinho de Jesus, discípulo de frei Agostinho da Piedade, porque o tipo de escultura é o mesmo”, esclarece.
Leia também:
“Aparecida das Águas”: a história do encontro da imagem da Mãe do Brasil
Não há informações sobre como a imagem foi parar no rio Paraíba, antes de ser resgatada, mas apenas conjecturas. Para a historiadora, a imagem tanto pode ter sido jogada por alguém que quis se desfazer da imagem quebrada, ou a peça poderia estar abrigada em uma capelinha na cidade de Roseira, quando foi arrastada por uma enchente. “A capelinha desapareceu; isso foi escrito por um padre em 1956, que fala dessa enchente”, pontua.
Chama a atenção um detalhe que diferencia o encontro da Imagem de Aparecida: a documentação. Existem escritos em época bem próxima dos fatos acontecidos e por pessoas competentes.
(A12.com)