Ela fica em um dos mais peculiares bairros da megalópole brasileira e tem uma história igualmente ímparQuem anda pelo bairro da Liberdade, em São Paulo, muito famoso no Brasil inteiro pela forte presença de imigrantes orientais, talvez não note a capela do número 238 ou, em todo caso, não saiba o motivo do seu curioso nome: Capela de Santa Cruz das Almas dos Enforcados.
Em parte, a origem desse nome (que chega a soar até macabro para alguns) está ligada à pena capital que esteve em vigor no Brasil durante séculos. Mas o que realmente liga esta capela aos enforcados é a história de Francisco José das Chagas, o “Chaguinhas”.
Tudo aconteceu cerca de um ano antes da declaração da independência do país. Em 1821, o quartel da Rua Santa Catarina protagonizou a Revolta Nativista, que guarda ligações com a separação do Brasil de Portugal.
A revolta reivindicava o pagamento de salários já atrasados havia 5 anos, bem como a igualdade de tratamento entre soldados brasileiros e portugueses. Chaguinhas foi preso e, apesar dos pedidos por clemência, acabou condenado à morte – um fato que chocou toda a localidade.
Onde hoje fica a popularíssima Praça da Liberdade, foi erguida uma forca para a execução de Chaguinhas.
E é então que ocorre o imprevisto: duas vezes, a corda arrebentou.
Na primeira, o povo clamou “Liberdade!”.
Na segunda, o brado foi de “Milagre!”.
Mas na terceira vez a corda não falhou. Ainda assim, o réu continuava mostrando sinais de vida, o que gerou um acréscimo de brutalidade à já brutal execução: ele foi morto a pauladas.
Francisco José das Chagas faleceu em 20 de setembro de 1821. Uma cruz foi erguida no lugar de sua morte e velas foram acesas ao redor. Em 1887, em sua memória, foi fundada a igrejinha que se tornou conhecida, e permanece até hoje, como a Capela Santa Cruz das Almas dos Enforcados.
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Com informações do jornal arquidiocesano O São Paulo
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