Estratégias efetivas e dicas para deixar de ser vítima de assédio onlineA tendência da violência contra as mulheres está tristemente aumentando. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou recentemente que 35% da população feminina mundial sofreu pelo menos um episódio violento. Um aspecto desta triste realidade é a tendência crescente da perseguição tecnológica e digital.
Para entender mais e acima de tudo para aprender a nos defender, conversamos com Edoardo Arena, professor de Tecnologia da Informação Legal e Forense da Universidade E-Campus e Conselheiro Técnico (CTU) do Procurador da República de Roma.
Como o perseguidor online atua?
Antes do advento da era digital, o assédio consistiu principalmente em ações físicas realizadas perto da vítima. Hoje, com tantas pessoas que possuem um smartphone, perpetuamente “conectadas”, somos mais facilmente acessíveis por criminosos, que podem agir à distância, toda hora do dia e da noite. O perseguidor da próxima geração usa e-mail, todos os tipos de mensagens que podem ser enviadas através de telefones celulares, como SMS, MMS e também aplicativos como WhatsApp ou Messenger. Mas a forma de assédio mais comum continua sendo chamada telefônica. Muitas vezes, o perseguidor chama sua vítima pelo telefone compulsivamente – em casa, no trabalho e especialmente no celular.
O que o perseguidor quer?
O perseguidor alimenta a irritação da vítima nas ligações constantes. O toque constante do telefone impede a vítima de pensar, estudar, trabalhar e relaxar. Imagine chamadas contínuas, dia e noite. Isso levaria alguém ao limite.
Um exemplo?
Em um caso recente em que eu atuei como consultor técnico designado pelo tribunal, um perseguidor queria evitar que a vítima trabalhasse em uma operação comercial com duas linhas telefônicas fixas. Por horas a fio, o perseguidor chamou as duas linhas fixas e o telefone celular da vítima, usando três telefones celulares que ele havia programado para fazer chamadas constantes. O objetivo do perseguidor era irritar e aniquilar a vítima para que ele abandonasse seus negócios. O delinquente impediu o seu “alvo” de trabalhar, criando frustrações e danos econômicos significativos.
Quem é o perseguidor?
O papel de um perseguidor maníaco pode ser desempenhado por uma pessoa próxima da vítima, como um filho, filha, marido, namorado, namorada, conhecido, amigo, colega ou estranhos que atravessam o caminho da vítima.
O que devemos fazer nessas situações?
- A primeira regra é que os crimes devem sempre ser relatados à polícia mais rápido possível.
- Nunca se deve subestimar o perigo de um perseguidor, mesmo que ele ou ela atue através da tecnologia, porque o assédio pode passar de virtual para físico. E isso é muito perigoso. Mesmo em caso de dúvida ou incerteza, é melhor ir à polícia e perguntar o que fazer.
- Outra regra básica é a de nenhum contato: você deve evitar responder a qualquer das comunicações do perseguidor. O perseguidor apenas é encorajado pela atenção da vítima. Ele se alimenta de qualquer resposta (áspera ou gentil) que a vítima, sem saber, concede.
- Bloqueie todos os números de telefone indesejados e também configure seu e-mail e redes sociais para manter o perseguidor fora.
- Se o criminoso constantemente muda seu número de telefone e se torna “polimórfico”, o que significa que ele assume diferentes “identidades de computador” para contornar suas contramedidas, então você deve levar o assunto para a polícia e para as pessoas em quem confia.
O objetivo do perseguidor é sempre isolar a vítima e fazê-la sentir-se sozinha e desamparada. Mas é importante lembrar que a grande maioria das tecnologias que os perseguidores usam pode ser rastreada. Isso significa que quando a vítima apresentar uma queixa, a polícia quase sempre pode encontrar e punir o perseguidor. Então você deve ser corajosa e denunciar o perseguidor.