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Como os cristãos chegaram à data de 25 de dezembro para celebrar o Natal?

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Reportagem local - publicado em 13/12/18
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É verdade que a data foi escolhida pela Igreja para combater uma festa pagã? Há registros históricos que atestem que Jesus nasceu nessa data?Os primeiros cristãos, provavelmente, não comemoravam os aniversários de nascimento neste mundo (cf. Orígenes, PG XII, 495), mas celebravam religiosamente o aniversário de nascimento para a vida eterna – e o chamavam, justamente, de “dies natalis“, ou seja, “o dia natal“, (cf. Martírio de Policarpo 18,3), porque viam nesse instante da existência humana o início da vida plena, graças à salvação realizada por Jesus.

De fato, as primeiras comunidades da Igreja recordavam com clareza o dia da Glorificação de Jesus, 14/15 do mês de Nisan, mas não há registros sobre a Sua data de Nascimento nem sequer nos relatos evangélicos.

Emmanuel – God with us – Mary kneeling before baby Jesus c.2006 Dayna More – The Nativity Story – CC – pt

© Plum leaves / CC

A falta de informações sobre a data da Natividade de Jesus permanece até pelo menos o século III, quando surgem os primeiros testemunhos de Padres e escritores eclesiásticos a esse respeito:

  • em 221, Júlio Africano dá um testemunho indireto de que a Natividade ocorreu em 25 de dezembro;
  • em 354, surge a primeira referência direta desta celebração no calendário litúrgico filocaliano (MGH, IX, I, 13-196): “VIII kal. Ian. natus Christus in Betleem Iudeae“, frase que, traduzida e adaptada do velho calendário romano para o nosso, quer dizer que “no dia 25 de dezembro nasceu Cristo em Belém da Judeia“;
  • no século IV, já é comum, no Ocidente, considerar 25 de dezembro como a data do Nascimento de Cristo, embora na tradição oriental prevaleça a data de 6 de janeiro.

A acusação do “Sol Invictus

Difundiu-se bastante, nas últimas décadas, a acusação de que os cristãos teriam “forjado” a data do Natal para impor as suas crenças sobre as tradições pagãs, substituindo assim o antigo “dies natalis Solis invicti“, ou “dia do nascimento do Sol invicto“, que os romanos celebravam em 25 de dezembro para festejar o retorno da luz do dia depois da noite mais longa do ano (no início do inverno do hemisfério norte).

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Fr Lawrence Lew, O.P. | CC BY-NC-ND 2.0

A figura do sol, de fato, estava presente na liturgia de Natal, mediante os paralelos entre o Nascimento de Jesus e expressões bíblicas como “Sol de justiça” (Ml 4, 2) e “Luz do mundo” (Jo 1, 4ss), mas não há provas históricas de que os cristãos adaptassem forçosamente as festas pagãs ao seu calendário litúrgico – em especial quando se leva em conta que eles acabavam de sofrer períodos espantosos de brutal perseguição.

Muito mais plausível é que, passando-se o tempo, as festas cristãs acabassem naturalmente por absorver as antigas festas pagãs, até por causa da progressiva redução das crenças pagãs à medida que as pessoas aderiam à fé em Cristo.

O cálculo estimado com base na Paixão

Há também a tese de que a data do Nascimento de Jesus tenha sido estimada a partir da Sua Encarnação, e que esta, por sua vez, fosse calculada com base no dia de Sua Morte, dado que, tradicionalmente, considerava-se para estes dois eventos salvíficos a mesma data: 25 de março. Por conseguinte, o Nascimento se daria 9 meses depois, em 25 de dezembro.

Já na tradição oriental, tanto a Paixão quanto a Encarnação do Senhor são celebradas em 6 de abril, de modo que, aplicados os mesmos 9 meses entre a Encarnação e o Nascimento, celebra-se o Natal em 6 de janeiro.

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pixabay

Essa relação entre a Paixão e a Encarnação brota de uma cultura que admirava um universo harmônico, no qual as grandes intervenções de Deus se vinculavam umas às outras – também no judaísmo, aliás, a criação e a salvação se ligam ao mês de Nisan.

Essa vinculação é percebida também nas obras de arte cristã que retratam a Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria mostrando o Menino Jesus que desce do Céu com uma Cruz, reforçando junto aos cristãos a reflexão sobre a unidade da história da salvação. Não em vão, Joseph Ratzinger, o futuro Papa Emérito Bento XVI, observaria em sua obra “O espírito da liturgia“, número 131:

“O mais decisivo foi a relação existente entre a criação e a cruz, entre a criação e a concepção de Cristo”.

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Com adaptações, a partir de artigo de Juan Chapa

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