Entenda as origens desta devoção Ao longo dos séculos, uma das devoções mais populares que resistiram ao tempo foram as Estações da Via Sacra (também conhecidas como Estações da Cruz, Via Sacra ou, em latim, Via Crucis). Trata-se de uma série de “estações” ao longo da qual um indivíduo pode refazer e relembrar os passos de Jesus Cristo durante sua Paixão e Morte.
De acordo com uma tradição antiga, a Bem-Aventurada Virgem Maria visitou diariamente os locais do sofrimento, morte e ressurreição de Jesus após sua ascensão ao céu. Muitas outras tradições também afirmam que Maria seguiu Jesus ao longo do caminho para o Calvário.
No entanto, ao realizar essa prática, a Mãe Santíssima não criou uma devoção popular com orações e “estações” específicas a serem seguidas. Ela simplesmente estava tentando reviver os poderosos acontecimentos da Paixão de Jesus e mantê-los “em seu coração”, contemplando o grande sacrifício que ele fizera.
De acordo com a Enciclopédia Católica, “um grupo de capelas conectadas foi construído no século V por São Petrônio, bispo de Bolonha, que pretendia representar os santuários mais importantes de Jerusalém.Essas capelas talvez possam ser consideradas como o germe do qual se desenvolveram as estações, embora seja razoavelmente certo que nada do que temos antes no século XV possa ser chamado de Via Sacra (no sentido moderno)”.
Na Idade Média, a Terra Santa tornou-se uma região volátil e os peregrinos não tinham acesso fácil aos santuários da Paixão de Jesus. Assim, franciscanos e representantes de outras ordens religiosas começaram a construir, em toda a Europa, capelas e santuários que reproduziam esses locais de Jerusalém. Em particular, o padre dominicano Álvaro de Córdoba difundiu a devoção, começando por Córdoba, onde ele construiu pequenos oratórios de estilo similar às estações modernas.
De acordo com o pe. William Saunders, “William Wey, um peregrino inglês, visitou a Terra Santa em 1462, e teria se referido ao termo ‘estações’. Ele descreveu a maneira pela qual um peregrino seguia os passos de Cristo”. O termo tornou-se popular na Inglaterra e foi aplicado às cenas criadas nas igrejas.
No século XVII, os franciscanos queriam começar a construir essas “estações” dentro das igrejas e pediram permissão a Roma. Além disso, eles queriam que os fiéis recebessem as mesmas indulgências que teriam sido dadas aos que viajaram para Jerusalém. O Papa Inocêncio XI reconheceu a necessidade e atendeu o pedido, abrindo caminho para as Estações da Cruz como as conhecemos hoje.
Por isso, não podemos dizer que houve uma pessoa em particular responsável por criar as Estações da Cruz. Vários santos ao longo dos séculos, começando com a Santíssima Virgem Maria, seguiram os passos de Jesus Cristo, contemplando sua Paixão e Morte. É uma bela tradição, que cresceu organicamente ao longo dos anos.