“A teologia lida com a questão fundamental da condição humana, que é, no fundo, a questão de Deus”Entrevistado pela agência católica portuguesa Ecclesia por ocasião dos 50 anos da Faculdade de Teologia da qual é vice-diretor, o pe. Alexandre Palma observa que a “inquietação intelectual” leva cada vez mais gente ao curso de teologia, que não se destina apenas a futuros sacerdotes.
Ele fala mais sobre este cenário, expondo motivos que podem levar um jovem estudante a perceber que a teologia pode ser uma área de estudo e de investigação que não está desligada da nossa realidade nem do contexto em que vivemos:
“A teologia lida com a questão fundamental da condição humana, que é, no fundo, a questão de Deus, que é um lado da medalha da questão sobre nós próprios, quem somos. A teologia não terá o monopólio destas questões fundamentais, bem entendido, mas é claramente um campo da reflexão humana que trabalha esta questão fundamental.
Nós trabalhamo-la particularmente a partir do horizonte da experiência cristã, onde nos perguntamos, investigamos criticamente, hermeneuticamente, como é que a tradição cristã foi sendo pensada, vivida, absorvida, assumida, testemunhada, como é que ela foi evoluindo no tempo, como é que ela se coloca diante dos desafios do presente. E conhecer este elemento, este conjunto de realidades, parece-me um dado fundamental, seja para quem procura conhecer o cristianismo a fundo, seja para quem procura conhecer o impacto que o cristianismo, ou a dinâmica do religioso, teve, tem e terá nas sociedades modernas.
Creio que não podemos fazer uma justa interpretação da história da humanidade, seja o seu passado, no presente ou na perspectiva do futuro, ignorando este tópico, e, portanto, um conjunto de competências inerentes à reflexão teológica parecem-me absolutamente centrais para perceber esta dimensão que não conseguimos eliminar do coração humano”.
A Faculdade de Teologia, segundo o pe. Palma, também oferece uma relevante contribuição ao diálogo cultural:
“Sim, trazer esta outra racionalidade… Trazer ao conjunto a harmonia dos saberes, das várias racionalidades que habitam no espaço universitário, mas genericamente habitam nas sociedades. Trazer a voz desta racionalidade que parte de uma experiência religiosa, enriquece o espaço público e ao mesmo tempo também enriquece a própria experiência religiosa, porque ela aí vê-se confrontada com a necessidade do diálogo, do confronto, de ajustar o seu diálogo, ajustar o seu próprio testemunho. Há aqui uma espécie de relação recíproca entre o bem que é para a sociedade ter a teologia no seu seio e do bem que é para a teologia estar no espaço comum, no espaço público”.
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A entrevista completa com o pe. Palma pode ser lida no site da agência Ecclesia