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Birras: seu filho está sendo mau ou se sente inseguro?

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Anna O'Neil - publicado em 21/06/19
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Saiba o que pode estar por trás deste comportamento das crianças Recentemente, fiz uma descoberta infeliz: sempre que eu levanto minha voz com meu filho de 4 anos, seu comportamento piora. Eu digo “infeliz”, porque levantar a minha voz é bem simples, mas encontrar a paciência e a gentileza necessárias para lidar com ele quando ele está me deixando louca… bem, é preciso um pouco mais de esforço.

Mas não é o tom da minha voz que é contraproducente. Eu percebi que quando ameaço mandá-lo para o quarto ou deixá-lo sem sobremesa, seus ataques de raiva também aumentam. Também notei que ele gosta de reforços positivos (leiam-se: subornos). Mas, para meu espanto, oferecer-lhe recompensas por bom comportamento parece exatamente a mesma coisa: fazer com que uma criança que já está derretendo perca ainda mais o controle. E aí, como proceder?

Eu já estava preparada para dizer que “crianças são insanas”. Mas li algo que juntou todas as peças para mim. É do novo livro “Beyond Behaviors” (“Além dos comportamentos”) , da psicóloga infantil Mona Delahooke. Ela apresenta a distinção entre dois tipos de comportamento: o comportamento “top down” (de cima para baixo) e o comportamento “bottom up” (de baixo para cima). O comportamento de cima para baixo é deliberadamente escolhido – a criança decide o que fazer e depois o faz. Comportamento de baixo para cima não é uma escolha consciente – é o que acontece no cérebro e no corpo de uma criança quando ela se sente ameaçada.

Nós não tendemos a pensar que os nossos filhos fazem birra de propósito? Para chamar a atenção, manipular, alcançar algum objetivo? Às vezes isso é verdade (mais frequentemente com crianças mais velhas do que com jovens), mas é importante considerarmos que o que parece ser desobediência é realmente o comportamento “de baixo para cima”, sob o qual a criança tem menos controle do que parece.

Delahooke diz que tudo depende do conceito crucial de “neurocepção”, que é o “monitoramento subconsciente constante do cérebro e do corpo em relação à ameaça e segurança”. Quando a criança se sente insegura, ela tentará instintivamente se defender da ameaça “lutando, fugindo ou fechando. Por outro lado, quando um indivíduo experimenta a neurocepção da segurança,  ele relaxa e pode se aproximar dos outros, se comunicar e se envolver.”

Pode ser que a birra da criança decorra do fato de ela querer desesperadamente se acalmar e fazer o que você pediu, mas literalmente não sabe como. Sua neurocepção está dizendo que ela não está segura e seus instintos básicos de sobrevivência, tentando protegê-la, assumem o controle.

No caso do meu filho, a promessa de recompensas ou a ameaça de banimento para o seu quarto só o fizeram entrar em pânico ainda mais. Ele queria se controlar, mas não sabia o que fazer.

Então, como você pode ajudar uma criança que é dominada por um comportamento “de baixo para cima”? Você tem que fazer com que ela se sinta segura. Mesmo que ela esteja segura o tempo todo, você tem que ajudá-la a perceber isso. O que a criança precisa não é motivação, é educação. É nosso trabalho ensinar nossos filhos, com palavras e ações, que eles estão seguros.

Assim, você modela a calma que você quer que eles encontrem. Certifique-se de que você esteja respirando normalmente, falando em volume normal e que sua postura esteja relaxada. O que você está fazendo é chamado de “co-regulação emocional”, o alicerce que permite que a criança aprenda a se auto-regular.

Nós sempre queremos raciocinar com a criança, não é? Nós dizemos “Acalme-se! Não há nada para se preocupar!”. E quando isso não funciona, ficamos frustrados. Delahooke diz que sim, podemos raciocinar com uma criança, mas isso deveria ser o terceiro passo. Ela estabelece três “Rs” para nos guiar: primeiro regule, depois relacione (para que ele saiba que você está nisso juntos) e só então use a razão. Uma criança que não está se sentindo calma e cuidada não é capaz de ser lógica.

Nós, pais, precisamos falar a língua dos nossos filhos. Precisamos educar suas mentes e seus corpos. E, não devemos puni-los por comportamento fora do controle deles ou pedir que façam o que não podem fazer. Compreendendo o que está acontecendo no cérebro de nossos filhos, podemos abordar melhor o que está por trás do comportamento e obter melhores resultados.

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