São João Paulo II acreditava que a ideia de “fim de semana” pode nos levar a não honrar a Deus no domingoEm 1998, São João Paulo II escreveu uma carta apostólica inteira sobre “O Dia do Senhor” (Dies Domini), na qual expôs a observância católica do shabbat e como isso funciona no mundo moderno.
É um documento que reflete sobre o recente afastamento cultural de uma observância mais deliberada do domingo como um dia especial de oração e descanso.
João Paulo II escreve que “o costume do ‘fim de semana’ se tornou mais difundido, um período de descanso, aproveitado longe de casa e, muitas vezes, envolvendo participação em atividades culturais, políticas ou esportivas que normalmente são realizadas em dias livres”. Isso não é uma coisa ruim em si, admite João Paulo II, mas pode levar a alguns resultados infelizes.
Ele explica: “Infelizmente, quando o domingo perde seu significado fundamental e se torna meramente parte do ‘fim de semana’, pode acontecer que as pessoas fiquem presas dentro de um horizonte tão limitado que não possam mais ver ‘os céus’…”
João Paulo II continua: “Os discípulos de Cristo… são solicitados a evitar qualquer confusão entre a celebração do domingo (que deve ser verdadeiramente uma maneira de santificar o Dia do Senhor) e o ‘fim de semana’, entendido como um tempo de simples descanso e relaxamento.”
Na cultura de hoje, isso não é fácil de fazer. Os empregadores estão exigindo cada vez mais trabalho no domingo e, com a ascensão do trabalho em casa, a separação do trabalho e da vida familiar é ainda mais difícil de alcançar.
No entanto, a Igreja permanece inflexível quanto à necessidade de manter o domingo sagrado, reservando-o para a celebração da Eucaristia e um descanso único, que refresca corpo e alma.
João Paulo II explica que esse descanso no domingo não deve fomentar o “tédio”, mas levar a uma autêntica alegria.
Para que o descanso não se degenere em vazio ou tédio, deve oferecer enriquecimento espiritual, maior liberdade, oportunidades de contemplação e comunhão fraterna. Portanto, entre as formas de cultura e entretenimento que a sociedade oferece, os fiéis devem escolher aquelas que mais se ajustam a uma vida de obediência aos preceitos do Evangelho. O descanso dominical torna-se, então, “profético”, afirmando não apenas o primado absoluto de Deus, mas também a primazia e dignidade da pessoa com respeito às exigências da vida social e econômica, antecipando em certo sentido os “novos céus” e a “nova terra”.
Embora seja quase impossível fazer atividades específicas no domingo, além da Missa e da oração pessoal, os católicos devem sempre ter em mente as atividades que promovem companheirismo, caridade e respeito pela necessidade de descanso de outras pessoas.
Não é um tema fácil de se refletir, mas é importante considerar maneiras concretas de separar o domingo do “fim de semana” e torná-lo um dia em que podemos descansar em Deus.
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