A amamentação é um dos maiores desafios da maternidade e, muitas vezes, cria elos que as mamães temem romperNunca me considerei uma mãe neurótica. Durante a gestação, segui atentamente as recomendações médicas, o parto também foi tranquilo e natural, como eu desejava, e a amamentação – que era um dos meus maiores temores – também ocorreu conforme os planos da mãe natureza: de maneira exclusiva, em livre demanda, até os seis meses e se encerrou por completo poucos meses após Tomás ter completado 2 anos.
Para algumas mamães, amamentar uma criança por tanto tempo pode parecer algo absurdo, mas, uma vez que optei por trabalhar em casa para poder me dedicar mais ao meu filho, parecia muito natural deixar que ele perdesse naturalmente o interesse pelo que, carinhosamente, chamávamos de “tetê da mamãe”.
Foi um processo longo – por vezes, até cansativo – mas foi exatamente assim que aconteceu, pois, à medida que ele passou a se alimentar essencialmente de alimentos sólidos durante as refeições principais, seu interesse pelo leite materno diminuiu consideravelmente.
Outro ponto importante ocorreu após o matricularmos numa escolinha de educação infantil, que ele frequenta no período da tarde. Na época, Tomás tinha 1 ano e 3 meses e, com a mudança na rotina, o acesso ao leite da mamãe ficou restrito à hora de dormir e nas mamadas que eventualmente aconteciam durante a madrugada ou ao amanhecer.
Como ele nunca aceitou chupeta e nem mesmo mamadeira, o ensinamos a usar o canudo e com ele tentamos oferecer diversos tipos de leite de vaca – como o in natura e o em pó – e também suplementos lácteos, porém, Tomás não aceitava.
Quando ele já estava perto de completar dois anos, passamos a oferecer iogurtes, e essa opção foi um alívio para a mamãe aqui, que já não conseguia saciar a fome de um garotão que acordava sonolento pedindo pelo “tetê”.
Nessa época já era muito nítido que, a cada dia, ele já se comportava mais como um garotinho, mas, sempre que estava mamando, parecia voltar no tempo, à época em que nem tinha dentes e que sua principal fonte de alimentação eram meus seios.
Por mais que não me sentia encorajada em fazer o desmame, já sentia que a amamentação tinha perdido sua real importância e se tornado apenas um hábito do meu bebê, ele precisava daquilo apenas para relaxar e dormir. Só que, muitas vezes, o relaxamento não ocorria, pelo contrário, ele ficava ainda mais agitado. Nessas noites, eu atingia o auge do meu cansaço, pois ele levava mais de uma hora para dormir e, quando finalmente conseguia, eu rezava o “Santo Anjo” para que protegesse o sono do meu menino.
Incontáveis vezes me deitei ao seu lado e contei histórias ouvindo seus bocejos, muitas vezes achava que ele iria se render ao sono, mas em todas elas eu ouvia a inevitável frase: “Mamãe, quero tetê!”
Até que numa noite ele finalmente se rendeu, como estava muito cansado Tomás simplesmente apagou e dormiu até o dia seguinte. Na noite subsequente segui com a minha tática de leitura e, inacreditavelmente, ele não pediu pelo “tetê”. Na terceira noite eu já estava mais confiante, ele pediu pelo seu “mamá”, mas eu o abracei forte e falei: “ah, mas agora você não liga mais para o tetê, você já está grande e dorme agora apenas abraçadinho com a mamãe, me abraça e vamos dormir.”
E ele dormiu tranquilamente, como um anjo! E desde então tem sido assim, sem o tetê, e sempre com uma historinha contada no escuro, bem baixinho, ao pé de seu ouvido. Em menos de 5 minutos eu já o percebo relaxado, a respiração cadenciada, revelando que está emergindo num delicioso sono.
E foi assim que a expressão “desmame gentil” passou a fazer sentido para mim. Não li nada a respeito, não procurei por livros nem técnicas, apenas segui minha intuição e procurei atender as reais necessidades de meu filho.
Aceitar que o bebê cresceu e que cada dia ganha mais autonomia não é algo que uma mãe de primeira viagem espera que aconteça de forma tão rápida, porém, sei que esse é o processo natural, faz parte do crescimento de uma criança saudável. E que venha o desfralde!
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