Caberá a ele, como prefeito da Congregação para o Culto Divino, avaliar a elaboração de um rito “inculturado” e liturgicamente válidoO site O Catequista publicou um artigo sobre a proposta do Sínodo da Amazônia de que seja elaborado e reconhecido como católico um rito litúrgico amazônico, “inculturado”, que, segundo a solicitação dos bispos sinodais ao Papa Francisco, venha a expressar a visão de mundo e os costumes ancestrais dos povos da região. O conceito de inculturação, recorda o mesmo site, é adotado desde os primórdios pela Igreja, que acolheu criteriosamente vários aspectos positivos de culturas pagãs, purificando-os e integrando-os ao cristianismo.
Em resposta, o Papa Francisco declarou no discurso de encerramento do Sínodo:
“Falou-se de uma reforma ritual, de se abrir aos ritos. Isto é da competência da Congregação para o Culto Divino e pode ser feito de acordo com os critérios, e sei que o podem fazer muito bem e apresentar as propostas necessárias que a inculturação exige. Mas é preciso olhar sempre em frente, sempre além. Não apenas organização ritual, mas também organizações de outros tipos que o Senhor inspirar. Das 23 igrejas com o seu rito que foram mencionadas no documento, ou pelo menos no pré-documento, acredito que pelo menos 18, talvez 19, são Igrejas sui iuris e começaram do nada, criando tradições até onde o Senhor nos levar, para não ter medo das organizações que preservam uma vida especial. Sempre com a ajuda da Santa Mãe Igreja, Mãe de todos, que nos guia neste caminho para não nos separarmos. Não tenham medo delas”.
As 23 igrejas que o Papa menciona são as que mantêm plena comunhão com a Santa Sé, mas, por razões históricas e culturais, desenvolveram ritos e estruturas próprias. Tais ritos e estruturas são reconhecidos por Roma. Junto com a própria Igreja Romana, elas constituem a grande família de 24 igrejas autônomas que compõem a única Igreja Católica, tal como é explicado neste artigo de Aleteia:
Quem é o Cardeal Robert Sarah
O prefeito da Congregação para o Culto Divino é africano, nascido em Guiné, e amplamente reconhecido por zelar intensamente pela reta tradição doutrinal e litúrgica da Igreja.
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O Catequista considera que, se for mesmo aprovado um rito amazônico, ele tende a ser bom para a Igreja, pois deverá respeitar “a dignidade que a realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo merece. A Igreja não acatará a inserção de elementos estéticos e folclóricos que não comuniquem sacralidade e transcendência“.
Variedade de tradições litúrgicas
O site prossegue observando que os católicos zelosos da sacralidade da Missa costumam desconfiar de mudanças litúrgicas porque sabem que muitos abusos litúrgicos tentam ser “justificados” com a “desculpa” da inculturação. Por outro lado, a diversidade de tradições litúrgicas na Igreja Católica também é recordada pelo artigo, que evoca em particular a história do rito siro-malabar, da Igreja na Índia:
“No século XVII, por estupidez e total desprezo às tradições locais, os missionários enviados por Roma quiseram banir o rito siro-malabar e impor o rito romano. Resultado: o clima de tensão culminou com um cisma! Isso foi em 1663. Somente em 1930, quase três séculos depois, parte da Igreja siro-malabar voltou à comunhão plena com Roma. E esse rito inculturado foi aprovado pelo Papa como perfeitamente católico”.
A propósito do eventual “rito amazônico”, O Catequista termina o artigo considerando que, apesar das “tantas ideias problemáticas e heterodoxas presentes no relatório final“, a possibilidade de tal rito “será bem julgada e está em ótimas mãos“.