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Crise: acusada de contrariar “valores da família”, TV Globo perde público e receita

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Aleteia Brasil - publicado em 08/11/19
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Anunciantes divulgaram suspensão de campanhas publicitárias na emissora, que também foi acusada no Senado de apologia a crimeA TV Globo foi alvo de denúncia no Senado e de instauração de inquérito para apurar a ocorrência de apologia ao crime de aborto depois que, em uma de suas telenovelas, uma personagem grávida afirma: “Pensando bem, ainda não é um bebê, é só um embrião. Não tem sistema nervoso, não tem coração, nem ainda é um ser humano“. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) contestou, conforme divulgado pela Agência Senado:

“Em primeiro lugar, entre 14 e 21 dias de gestação — nesse tamanhozinho aqui que cabe na palma da minha mão, não sei se a câmera consegue mostrar —, nesse período em que a mulher ainda não tem certeza de que está grávida, já existe um sistema cardiovascular primitivo, tornando possível escutar através de ultrassonografia o batimento cardíaco da criança (…) Com 18 dias da concepção, já tem um coração batendo”.

No mesmo capítulo, a mesma personagem acrescenta, num segundo diálogo: “Aqui no Brasil é ilegal, mas todo mundo conhece alguém que já fez. Quem tem dinheiro consegue fazer aborto seguro; quem não tem pode até mesmo morrer ou ser presa“. O senador respondeu dizendo que, do ponto de vista médico, não existe nenhum aborto seguro.

Segundo Girão, o promotor da República Fernando Almeida Martins, do Ministério Público Federal, instaurou inquérito para apurar se houve apologia ao crime nas cenas em questão. O senador citou a portaria nacional que regulamenta a classificação indicativa dos programas de TV, visando proteger o público infanto-juvenil no período das 6h às 20h, e afirmou que as emissoras de TV aberta devem ter mais responsabilidade na transmissão desse conteúdo. Ele ainda elogiou o promotor e recordou que mais de 70% da população brasileira se declara contra a legalização do aborto.

Perda de anunciantes

A emissora carioca também é alvo da insatisfação de anunciantes. Os grupos empresariais Condor, de supermercados do Paraná, e Havan, de lojas de departamento de Santa Catarina com presença em grande parte do território brasileiro, comunicaram nesta semana que suspenderam todas as campanhas publicitárias que vinham veiculando nos intervalos de determinados telejornais, telenovelas e programas de entretenimento da Rede Globo por considerarem que a emissora desrespeita valores ligados à família natural tradicional e tergiversa a objetividade do jornalismo.

A nota da Havan, assinada em 7 de novembro pelo proprietário Luciano Hang, afirma:

“Não compactuamos com o jornalismo ideológico e algumas programações da Rede Globo nacional e estamos sendo cobrados pela sociedade e nossos clientes. Enquanto esses programas prestarem um desserviço à nação e forem contra os valores da família brasileira, não voltaremos a anunciar (…) Por ora, manteremos nossas propagandas nas afiliadas e jornais locais, que ainda informam a sociedade de forma mais isenta e conservadora. Entendemos que o setor empresarial tem que ter a coragem e a responsabilidade de não aceitar o errado como verdadeiro”.

De modo semelhante, a rede Condor declarou em seu comunicado que continuará anunciando em programas regionais e de “entretenimento saudável” levados ao ar pela afiliada paranaense da TV Globo, mas que cortará a publicidade em programas da própria Globo, especialmente jornalísticos, afirmando que a decisão “está fundamentada na parcialidade que o jornalismo nacional da emissora vem demonstrando“.

A nota da Condor acrescenta explicitamente que discorda das abordagens da TV Globo em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro. Por sua vez, Luciano Hang não cita o nome do presidente, mas é conhecido como seu declarado apoiador e por ter feito intensa campanha eleitoral a seu favor.

Apesar do aberto posicionamento político de ambas as empresas, porém, as demonstrações de insatisfação com o posicionamento ideológico da Rede Globo no tocante a temas ligados a valores tradicionais de família e vida vão além do espectro partidário.

Reações veementes no clero

A emissora tem sido fortemente criticada por membros do clero católico, de padres a bispos, em diversos episódios. Em uma das ocasiões de maior repercussão, há dois anos, dom Celso Antônio Marchiori, bispo da diocese de Apucarana, PR, declarou que “a Globo é um demônio dentro de nossas casas”:


Dom Marchiori
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O pe. Zezinho também reagiu criticamente a abordagens enviesadas da emissora no tocante à família:


Padre Zezinho reage à TV Globo
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Antes ainda, a Globo foi intensamente criticada por cidadãos comuns que a acusaram de parcialidade, enviesamento ideológico e desproporcionalidade no espaço oferecido a expoentes favoráveis e contrários ao aborto. Um caso que repercutiu com força nas redes sociais foi esta reportagem do programa “Fantástico”, apontada como um exemplo de narrativa tendenciosa em favor do aborto:



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Tensão dentro da emissora por demissões

Segundo matéria da revista Veja, o clima entre funcionários da Globo tem sido de tensão e “pânico” por causa de demissões em massa, embora a própria emissora negue a informação e a trate publicamente como boato.

A mesma revista afirma que a Globo tem sofrido drásticas perdas de receita, atribuindo-as primariamente, no entanto, a grandes mudanças no mercado publicitário devidas à migração do público para alternativas online.

Católicos também se mostram revoltados com a TV Record

A Globo não é a única emissora a receber fortes críticas de católicos. Propriedade de Edir Macedo, que também é dono da Igreja Universal do Reino de Deus, a TV Record despertou intensas demonstrações de repúdio de parte do público ao levar ao ar telenovelas alegadamente baseadas na Bíblia, mas com interpretações anticatólicas. Dois casos em que a rejeição repercutiu com força nas redes sociais foram a caracterização da Santíssima Virgem Maria na telenovela “Jesus” e a agressiva paródia feita contra a Igreja Católica na produção “Apocalipse”, que fracassou em termos de audiência:


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novela Apocalipse
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Não custa lembrar que as emissoras de televisão, para operarem, dependem de renovação de concessão pública.

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