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No quê as mulheres erram ao serem modestas

OBSTACLE
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Calah Alexander - publicado em 26/11/19
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Subestimar as conquistas pode parecer algo virtuoso, mas na verdade é o contrárioNo fim de semana passado, fui juíza em uma competição de fitness para todas as idades, em Austin (EUA). Como treinadora, meu trabalho era julgar e incentivar os atletas na modalidade de escalada na rede.

Os atletas tiveram que subir em uma rede de carga, atravessá-la e depois descer pelo outro lado. Se você nunca escalou uma rede como essas, pode imaginar que não é tão difícil, mas acredite, é.

A rede está solta e os espaços entre as cordas são grandes – grandes o suficiente para um braço ou perna ficarem presos. A altura é de apenas 3 metros, mas eles parecem muito mais quando você em cima, tentando manobrar as cordas instáveis ​​ao lado de outros concorrentes.

Até os atletas de 20 anos olhavam a rede com um ar de ansiedade, antes de se lançarem sobre ela. Mas não importava quão rápido ou graciosamente eles manobrassem o obstáculo, era claramente uma das partes mais exigentes ​​da competição.

Muitas mulheres lutavam contra a rede, e as atletas mais velhas sofriam mais. Entre a instabilidade e a altura, elas estavam enfrentando um desafio físico muito maior do que os atletas mais jovens.

De fato, muitas delas admitiram ter pavor de altura quando se aproximavam da rede. Essas mulheres de 60, 65 e 68 anos subiram, atravessaram e desceram a rede de carga, com as mãos trêmulas e os olhos arregalados de medo – mas ardendo de determinação. Quando chegavam ao outro lado, eu estava exultante: “você conseguiu!” – eu gritava.

E cada mulher respondia da mesma maneira. Com um encolher de ombros e um olhar cabisbaixo, cada uma dizia: “bem, eu tentei”.

Eu assisti a centenas de atletas atacarem a rede de carga. Eu assisti a homens e mulheres se lançarem com medo, movendo-se cautelosos.

Mas as únicas que subestimaram suas conquistas foram as mulheres. Pior ainda, foram as mulheres que mais lutaram, cuja conquista foi o maior testemunho de sua coragem e determinação. Essas foram as mais críticas consigo mesmas.

Estou travando essa mesma batalha com minhas filhas de 13 e 10 anos em casa. Elas voltam para casa com uma nota muito mais alta que a anterior, claramente resultado de seu trabalho duro, mas quando tento celebrar, elas dizem: “Sim, mas…”

“Sim, mas eu ainda errei 4 questões.” “Sim, mas eu não sabia uma.” “Sim, mas ainda não é um A.” Quase escuto elas dizendo: “Sim, mas ainda não sou perfeita.”

Eu admito que faço a mesma coisa. Quando alguém elogia minha capacidade atlética ou meu desempenho no trabalho, sou rápida em apontar algum outro ponto em que costumo falhar. E eu ouço a coisa das outras mães na porta da escola.

Porque nós fazemos isso? Quando alcançamos algo, por que diminuímos imediatamente essa conquista concentrando-nos (externa ou internamente) em tudo o que ainda não realizamos?

Eu costumava pensar que era virtuoso subestimar minhas realizações. Afinal, a modéstia é uma virtude, certo? É uma virtude que ensinamos desde cedo, especialmente para as meninas. Mas muitas de nós (inclusive eu) herdamos uma compreensão equivocada da modéstia.

A palavra modéstia vem de uma palavra latina que significa “moderação, senso de honra, correção de conduta”. A modéstia está intimamente relacionada à cortesia e à elegância – duas virtudes que pouco têm a ver com nossa opinião sobre nós mesmos mas, em vez disso, relacionam-se com o respeito e a consideração dos outros.

Quando alguém percebe uma conquista e elogia você, esse elogio é um presente. É um presente dado livremente, e se você recusar aceitá-lo – ou pior, se diminuí-lo – isso é o oposto da elegância. Também é o oposto da modéstia, especialmente se você adicionar o qualificador “sim, mas”. Diminuir um elogio e, em seguida, chamar a atenção para uma fraqueza é realmente um comportamento de quem busca atenção. É como pedir um elogio em outra área. Não há nada modesto nisso.

Menosprezar nossas realizações é na verdade uma dupla ofensa à virtude. Não é apenas uma falsa modéstia, mas também uma traição à nossa própria honra e integridade. Quando trabalhamos por algo, isso é uma conquista. Deveríamos ficar alegres quando alguém percebe, ao invés de pensar com culpa em todas as outras coisas que ainda não dominamos.

Aqui está a verdade: nunca seremos perfeitas. Nunca teremos tudo sob controle. E adivinha? Tudo bem. Isso é, de fato, a vida – a mesma vida que todas as outras mulheres estão vivendo.

Todas nós enfrentamos nossos desafios com medo e ansiedade, mas devemos estar determinadas a superá-los. E essas coisas são conquistas enormes, reais e surpreendentes das quais devemos nos alegrar. Quando não fazemos isso, estamos dizendo aos outros que todo esse trabalho não importava – e pior, estamos ensinando a nós mesmas e talvez a nossos filho, a mesma coisa.

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