Na sua concorrida agenda há espaço para Deus? Você é uma daquelas pessoas que desejam que o dia durasse 30 horas? Sua agenda está repleta de atividades, trabalho e eventos sociais? Desde o momento em que você acorda até o momento em que vai para a cama, mantém aquele ritmo rápido e furioso?
Isso pode estar funcionando bem (por enquanto). Mas esse furacão de atividades pode te impedir de se aproximar de Deus.
Na vida cotidiana, pode parecer que nossas mensagens de texto, nossa conexão inevitável à Internet e nosso trabalho, família e relações sociais são coisas boas de que desfrutamos. Mas tudo isso rouba o tempo que temos para pensar em Deus.
Quando vivemos nessa velocidade vertiginosa, lembramos de Deus apenas quando vamos dormir e nos encontramos sozinhos com nossos pensamentos – ou quando recebemos a notícia de que alguém que conhecemos morreu, quando o Natal está se aproximando e alguém comenta no rádio sobre a “verdadeira razão da época.
Um tuíte de Jesus
Para os multitarefas, aqueles cujos horários estão cheios de todos os tipos de atividades, Jesus, no Evangelho, propõe um conselho muito breve. É basicamente um tuíte, muito antes da existência do Twitter, e diz:
“Uma só coisa é necessária.”
Marta, Maria e Lázaro eram três irmãos muito amigos íntimos de Jesus. Eles confiavam um no outro absolutamente e se amavam muito. Há uma história sobre eles em Lucas 10, 38-42 que tem especial relevância para o nosso mundo moderno ocupado: Uma vez, quando Jesus visitou as irmãs em sua casa, Marta (a própria imagem do cristão ocupado, que sempre faz as coisas!), feliz por ter Jesus lá, estava trabalhando duro – preparando a melhor refeição que podia – porque Jesus iria comer com eles. Podemos imaginar Marta indo buscar água do poço, fazendo uma fogueira, preparando os vegetais e fazendo tarefas semelhantes.
Maria, por sua vez, ficou ouvindo Jesus, que estava falando. Não sabemos qual era o assunto da conversa, mas o Evangelho diz que Maria “sentou-se aos pés do Senhor”. Foi um gesto de proximidade e vontade de estar atenta ao que Ele estava dizendo. Por um lado, esse tipo de atitude é passivo, porque envolve receber as palavras de Jesus. Por outro lado, também é ativo: o Evangelho diz que ela estava “ouvindo” – não apenas como alguém que finge prestar atenção a um convidado apenas por cortesia.
Martaa está convencida de que seu trabalho é indispensável, e é: alguém tem que arrumar a casa e preparar a comida, é claro! Certamente, Jesus está ciente disso! Mas Jesus quer deixar claro para nós que, embora o trabalho – as milhares de tarefas diárias – seja importante, não é a coisa mais importante. Lembre-se do tuíte: “Uma só coisa é necessária.”
Eventualmente, Marta reclama … porque, no final, quem só trabalha acaba explodindo e reclamando. “Ela veio a Ele e perguntou: ‘Senhor, você não se importa que minha irmã me tenha deixado fazer todo o trabalho sozinha? Diga a ela para me ajudar.”
Então, Nosso Senhor pronuncia uma das mais tenras reprovações encontradas no Evangelho. Começa com “Marta, Marta”. Ele a chama pelo nome, duas vezes, porque a ama. Ele conhece o coração de Marta melhor do que ela e quer falar com sua alma.
“Marta, Marta, você está ansiosa e preocupada com muitas coisas, e a verdade é que apenas uma coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte.”
A parte de Maria é a contemplação.
Trabalho e contemplação podem andar de mãos dadas
Em nossa vida, Jesus quer que trabalhemos com os olhos fixos em Deus, para que nosso trabalho possa contribuir para o seu plano de redenção. É assim que podemos viver como Marta e Maria, sem conflitos.
Jesus não pede que abandonemos nossas atividades ativas nas esferas do trabalho, família, esportes, finanças, vida social ou política. Ele nos pede para viver tudo, mas sempre permanecendo unidos à “melhor parte”, que é a contemplação. Trabalhar na presença de Deus significa viver coerentemente.
Essa unidade entre oração e atividade significa oferecer nosso trabalho a Deus. Significa ir à Missa, porque dedicamos esse tempo a agradecê-Lo pelo sacramento da Eucaristia, arranjar tempo para a oração diária, olhar para os outros como Jesus olharia, rezar no trem ou no carro, amar minha família como Jesus quer que eu ame e assim por diante.
Não há conflito entre trabalhar intensamente e ser um cristão em oração, mas não podemos passar a vida a uma velocidade vertiginosa sem sequer parar para refletir. Precisamos ser Marta e Maria, sempre unidos a Jesus. Devemos lembrar do seu conselho toda vez que vemos que nossas tarefas estão nos deixando muito distraídos e tomando conta da nossa vida: “Apenas uma coisa é necessária.”