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“É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos!”

ŁZY
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Reportagem local - Dom Henrique - publicado em 07/01/20
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Como contextualizar os escândalos na Igreja sem cair em extremos: nem absolutizá-los, nem minimizá-losA propósito do surgimento de escândalos, inclusive entre pessoas da Igreja, o próprio Jesus adiantou: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos!”. A respeito desses episódios que trazem sofrimento, perplexidade e indignação, o bispo de Palmares, PE, dom Henrique Soares da Costa, publicou em 2015 as seguintes considerações, que mantêm plena atualidade:

E os escândalos, hein?

Caro Leitor meu, gostaria de propor-lhe algumas reflexões sobre Lc 17,1-6. Tenha a paciência de ler. Penso que que possa lhe ser útil… Mas, aviso logo que não estou aqui pensando em alguma situação concreta; desejo apenas propor o que o Evangelho nos ensina como bússola para nossa vida de cristãos. Lá vai, portanto!

“Naquele tempo, Jesus disse a Seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos. Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo”.

Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”.

Não lhe parece muito assunto neste texto do Evangelho, coisas diversas mal arranjadas na mistura? E, no entanto, veja como têm sentido!

1. Jesus nos avisa que na Sua Igreja sempre haverá escândalos: “É inevitável!” – diz Ele de modo surpreendente.

Em grego, “skandalon” seria uma pedra de tropeço, um empecilho que afasta alguém do caminho que pretendia seguir. Então, no contexto do Evangelho, escândalo seria toda atitude, todo comportamento que possa afastar os pequeninos (= fracos, imaturos) na fé. Desde o início da Igreja esses escândalos estão presentes. Basta pensar na fuga dos Doze, deixando Jesus sozinho, na negação do nosso primeiro Chefe, nas divisões entre cristãos judeus e gentios de que dão conta os Atos dos Apóstolos, nas divisões e imoralidades na Igreja de Corinto, nas brigas e cismas referidas nas epístolas de São João.
Pensemos nos escândalos de hoje, que tanto nos magoam e ferem a Igreja, sobretudo quando são provocados por membros do clero… O Senhor já prevenira: “É inevitável que haja escândalos”… Ainda que tenhamos o dever de evitá-los…

2. Mas Jesus chama atenção de modo grave para a responsabilidade de quem provoca tais escândalos: “Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos”. São palavras duríssimas!

É uma responsabilidade tremenda ser responsável pela queda e abandono da fé por parte de um irmão fraco, que se escandaliza com o escândalo. Todos nós, cristãos, devemos nos perguntar se nossas atitudes não têm provocado escândalo nos irmãos mais fracos… Fraco na fé é todo aquele que faz sua adesão ao Senhor e à Sua Igreja depender de pessoas. É tão triste quando ouvimos dizer que alguém se afastou ou se aproximou da Igreja por causa do Papa, de um Bispo, de um padre, de um irmão… Nossa adesão é a Cristo e não a pessoas quais sejam! Nossa rocha, nossa certeza, nossa esperança devem repousar unicamente no Senhor, com toda a Sua exigência é todo o Seu amor!

3. Por outro lado, Jesus deixa claro que mesmo aquele que escandaliza, arrependendo-se, deve ser perdoado – perdoado sempre!

A advertência do Senhor contra os escândalos e os que os provocam está longe da atitude hipócrita, do moralista chato do politicamente correto ou da falta de misericórdia. Qualquer um que se arrependa sinceramente deve ser perdoado e acolhido. A Igreja deve ser sempre lugar do perdão e da misericórdia. E misericórdia não no sentido da tolerância relativista do politicamente correto ao sabor do mundo e da moda, mas a misericórdia segundo o Evangelho, que exige sempre a conversão sincera e contínua!

Neste sentido, responderão a Deus aqueles que numa atitude farisaica, julgam-se melhores que aqueles que escandalizaram…

4. Diante dessa situação de escândalos, é interessante a atitude tão espontânea dos Apóstolos: “Aumenta a nossa fé!” Como é atual este grito, esta súplica!

Somente na fé podemos superar os escândalos, transformando-os em sereno e confiante abandono nas mãos do Senhor, que sabe tirar dos males o bem. “Aumenta a nossa fé” – devemos pedir ainda atualmente ao Senhor…

Que nossos olhos estejam fixos Nele, e nada nos abalará nem nos fará desviar do caminho! Jesus diz: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”. Compreende? A fé madura e sólida, dá-nos capacidade de arrancar os escândalos, como quem joga fora uma amoreira! dito em breve: a fé arranca os escândalos, a fé madura, centrada em Cristo, único necessário e absoluto, não se escandaliza com escândalos!

Que Ele nos dê uma fé assim: ainda que pequenina como um grão de mostarda, para que joguemos longe de nós todas as amoreiras que ameaçarem nosso caminho para Ele, todos os escândalos que surgirem nesse mundo tão conturbado em que vivemos!



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