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O Rosário, a súplica a Cristo com Maria e a meditação

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Todo de Maria - publicado em 16/01/20
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Entenda por que a meditação e a súplica devem fazer parte da oração do Rosário No Santo Rosário, vivemos de modo privilegiado a súplica a Jesus Cristo com a presença materna da Santíssima Virgem Maria e, ao mesmo tempo, a meditação dos mistérios da nossa redenção. Estas, a meditação e a súplica, são características essenciais da oração do Rosário da Virgem Maria

No Rosário, a meditação e a súplica estão intimamente unidas entre si e auxiliam-se mutuamente, garantindo a eficácia da nossa oração. Além disso, estas nos ajudam a nos unir mais estreita e intimamente a Jesus Cristo. Pois, na oração do Terço, a Santíssima Virgem se faz presente, com sua materna intercessão, para auxiliar-nos em nossas fraquezas (cf. Gn 2, 18).

Suplicar a Cristo com Maria através do Rosário

Jesus Cristo convidou-nos suplicar a Deus com insistência e confiança, para sermos atendidos: “Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei e vos será aberto” (Mt 7, 7). O fundamento desta eficácia da oração é a bondade do Pai e, ao mesmo tempo, a mediação de Cristo junto d’Ele (cf. 1 Jo 2, 1) e também a ação do Espírito Santo, que “intercede por nós” conforme os desígnios de Deus (cf. Rm 8, 26-27). De fato, nós “não sabemos o que devemos pedir em nossas orações” (Rm 8, 26) e, por vezes, não somos atendidos “porque pedimos mal” (Tg 4, 3).

Em auxílio da oração que Jesus Cristo e o Espírito Santo fazem brotar no nosso coração, intervém a Virgem Maria, com a sua materna intercessão. “A oração da Igreja é como que sustentada pela oração de Maria”[1]. Sendo assim, se Jesus, único Mediador, é o Caminho da nossa oração, Maria, pura transparência d’Ele, mostra-nos o Caminho, e “é a partir desta singular cooperação de Maria com a ação do Espírito Santo que as Igrejas cultivaram a oração à santa Mãe de Deus, centrando-a na pessoa de Cristo manifestada nos seus mistérios”[2]. Nas bodas de Caná, o Evangelho mostra precisamente a eficácia da intercessão de Maria, que se faz porta-voz das necessidades humanas junto de Jesus: “Eles já não têm vinho” (Jo 2,3).

O Rosário é, ao mesmo tempo, uma oração de meditação e súplica. O pedido insistente de Nossa Senhora apoia-se na confiança de que a sua materna intercessão tudo pode junto ao Coração do Filho. No Terço, ao ser suplicada por nós, Maria Santíssima apresenta-se em nosso favor diante do Pai, que a cumulou de graça, e do Filho nascido das suas entranhas, pedindo conosco e por nós.

A meditação cristológico-mariana do Rosário

O “Pai nosso” – colocado quase que como alicerce da meditação cristológico-mariana que se desenrola através da repetição da “Ave-Maria” – torna a meditação dos mistérios de Cristo, mesmo quando é feita a sós, uma experiência eclesial, ou seja, de comunhão com a Igreja.

A Ave-Maria é o elemento mais encorpado do Rosário e também o que faz dele uma oração mariana por excelência. No entanto, à luz da própria Ave-Maria notamos claramente que o carácter mariano não só não se opõe ao cristológico, mas o acentua e exalta.

A primeira parte da Ave-Maria, tirada das palavras dirigidas a Maria Santíssima pelo Arcanjo Gabriel e por Santa Isabel (cf. Lc 1, 26-38.39-45), é contemplação adoradora do mistério de Cristo, que se realiza na Virgem de Nazaré. As palavras desta oração exprimem a admiração do Céu e da Terra e transparecem o encanto do próprio Deus ao contemplar a sua obra-prima, – a encarnação do seu Filho no ventre virginal de Maria – como fez ao terminar a obra da criação, naquela primordial admiração com que Deus contemplou a obra de suas mãos (cf. Gn 1, 31).

A repetição da Ave-Maria na oração do Rosário sintoniza-nos com este encanto de Deus: é júbilo, admiração, reconhecimento do maior milagre da história, que é a encarnação do Filho de Deus. A recitação piedosa da Ave-Maria é o cumprimento da profecia de Nossa Senhora: “Desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações” (Lc 1, 48).

A centralidade da Ave-Maria, uma espécie de ligação entre a primeira parte e a segunda, é o nome de Jesus. Às vezes, na recitação precipitada do Rosário, perde-se a centralidade de Cristo e, com ela, também a ligação com o mistério de Jesus que contemplamos.

É precisamente através da acentuação dada ao nome de Jesus e ao seu mistério que se dá a recitação expressiva e frutuosa do Terço. O Papa Paulo VI recordou, na Exortação Apostólica Marialis cultus, o costume, existente em algumas regiões, de realçar o nome de Cristo acrescentando uma cláusula ou circunstância particular que recorda o mistério que se medita[3]. Este é um louvável costume, especialmente na recitação pública do Rosário. Dessa forma, exprimimos de forma intensa a fé cristológica, aplicada aos diversos momentos da vida do Redentor. Trata-se de uma profissão de fé e, ao mesmo tempo, de um auxílio para permanecer em meditação, permitindo dar vida à função assimiladora do Rosário, contida na repetição da Ave-Maria, em relação ao mistério de Cristo.

Repetir o nome de Jesus – o único Nome do qual podemos esperar a salvação (cf. At 4, 12) – unido com o da sua Mãe Santíssima e, de certo modo, deixando que seja Ela própria a nos inspirar, constitui um caminho de assimilação pelo qual penetramos cada vez mais profundamente na vida de Cristo e nos seus mistérios.

Desta relação especialíssima de Nossa Senhora com Jesus Cristo, que faz dela a Mãe de Deus, em grego: Θεοτόκος – Theotókos, deriva a força da súplica com que nos dirigimos a ela depois, na segunda parte da oração, confiando à sua materna intercessão a nossa vida e a hora da nossa morte.

O Rosário: compêndio do Evangelho e escola de Maria

Assim, ainda que o Rosário seja caracterizado pelo seu aspecto mariano, é uma oração cristológica na sua essência. Na sobriedade dos seus elementos, o Rosário concentra em si a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase que um compêndio. No Terço, ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora do Filho de Deus, que se realizou no seu ventre virginal. Com o Rosário, frequentamos a escola de Maria, para deixar-nos “introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor”[4]. Mediante o Rosário, alcançamos a graça em abundância, das mãos maternas da Virgem Maria.

Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!

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Referências:


[1]  PAPA SÃO JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica, 2679.
[2]  Idem, 2675.
[3]  Cf. PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Marialis cultus, 46. Tal costume foi louvado ainda recentemente pela Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, no Diretório sobre piedade popular e liturgia. Princípios e orientações (17 de Dezembro de 2001), 201 (Cidade do Vaticano 2002), p. 165.
[4]  PAPA SÃO JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 1.

 

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