O Papa Francisco explica o significado da bem-aventurança da mansidãoOs mansos herdarão a terra, diz a bem-aventurança. E não há terra mais bela a herdar do que o coração dos outros.
Esse foi o contexto da catequese de hoje do Papa Francisco, com os peregrinos reunidos na Sala Paulo VI.
O Papa deu prosseguimento a suas explicações sobre a episódio bíblico das bem-aventuranças.
E sua catequese foi dedicada à terceira das oito bem-aventuranças: “Bem-aventurados os mansos, porque receberão a terra em herança”.
Segundo o Papa Francisco, “manso” significa literalmente “doce, gentil, sem violência”.
A mansidão se manifesta nos momentos de conflito, de como se reage numa situação hostil, e não nos momentos de tranquilidade.
Jesus nos deu o maior exemplo de mansidão quando, pregado na Cruz, perdoou seus algozes. “A mansidão de Jesus se vê fortemente na Paixão”, disse o Papa.
Na Bíblia, a palavra “manso” indica também aquele que não tem propriedades terrenas, por isso a terceira bem-aventurança fala que os mansos receberão a terra em herança.
Isso pode parecer incompatível, mas a posse de terras é o âmbito típico do conflito: se combate com frequência por um território, para obter a hegemonia sobre um lugar. Nas guerras, o mais forte prevalece e conquista outras terras.
Mas a bem-aventurança fala de “herança”, que nas Escrituras tem um sentido ainda mais profundo. O Povo de Deus chama “herança” justamente a terra de Israel, que é a Terra Prometida.
Aquela terra é uma promessa e um dom para o povo de Deus e se torna sinal de algo muito maior e mais profundo do que um simples território.
Há uma ‘terra’ – permitam-me o jogo de palavras – que é o Céu, isto é, a terra para a qual caminhamos.
Então o manso é quem “herda” o mais sublime dos territórios. Ser manso não é ser covarde, pelo contrário, é o discípulo de Cristo que aprendeu bem a defender outra terra.
Ele defende a Sua paz, a sua relação com Deus e os seus dons, protegendo a misericórdia, a fraternidade, a confiança e a esperança. Porque as pessoas mansas são pessoas misericordiosas, fraternas, confiantes e pessoas com esperança.
Francisco mencionou o pecado da ira e todas as coisas que destruímos quando se manifesta: perde-se o controle e não se avalia o que é realmente importante, e se pode arruinar a relação com um irmão, às vezes sem remédio.
Por causa da ira, muitos irmãos não se falam mais, se afastam. É o contrário da mansidão. A mansidão reúne. A ira separa.
A mansidão, ao invés, conquista tantas coisas. A “terra” a conquistar é a salvação daquele irmão de que fala o mesmo Evangelho de Mateus: “Se te ouvir, ganhaste a teu irmão”.