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“A inquietação perturba a razão e impede de resolver justamente o que nos inquieta”

SERENITY
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Reportagem local - publicado em 16/03/20
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As sábias palavras de São Francisco de Sales que podem mudar a sua visão das coisas em tempos de angústiaSão Francisco de Sales nos exorta a distinguir entre inquietação e cuidado, entre diligência e ansiedade, no capítulo X de sua célebre obra Filoteia. Confira:

Existe grande diferença entre o cuidado dos afazeres e a inquietação; entre a diligência e a ansiedade.

Os anjos procuram a nossa salvação com o maior cuidado que podem, porque isto está de acordo com a sua caridade e não é incompatível com a sua tranquilidade e paz celestial; mas, como a ansiedade e a inquietação são inteiramente contrárias à sua bem-aventurança, eles nunca as têm por nossa salvação, por maior que seja o seu zelo.

Dedica-te, Filoteia, aos afazeres que estão ao teu encargo, pois Deus, que os confiou a ti, quer que cuides deles com a diligência necessária; mas, se é possível, nunca te entregues ao ardor excessivo e à ansiedade; toda inquietação perturba a razão e nos impede de fazer bem aquilo mesmo por que nos inquietamos.

Nosso Senhor, repreendendo a Santa Marta, lhe disse: “Marta, Marta, tu andas muito inquieta e te embaraças com o cuidar de muitas coisas”. Toma sentido nestas palavras, Filoteia. Se ela tivesse tido um cuidado razoável, não se teria perturbado; mas ela muito se inquietava e perturbava e foi esta a razão por que Nosso Senhor a repreendeu.

Os rios que coleiam suave e tranquilamente através dos campos levam grandes botes com ricas mercadorias, e as chuvas brandas e moderadas dão fecundidade à terra; ao passo que os rios e torrentes que se precipitam em borbulhões arruínam e desolam tudo, sendo inúteis ao comércio, e as chuvas tempestuosas assolam os campos e os prados.

Na verdade, obra alguma feita com precipitação saiu jamais bem feita.

É preciso “apressar-se devagar“, conforme diz o antigo provérbio.

E, como escreveu Salomão, quem corre depressa periga cair a cada passo; e sempre fazemos a tempo o que tínhamos que fazer se o fizermos bem. Os zangões fazem muito barulho e são mais apressados que as abelhas, mas só fabricam a cera e não o mel; assim, quem em seus trabalhos faz muito ruído e se inquieta demasiado, pouco obtém e ainda mal feito.

As moscas nos importunam por sua multidão e não por sua força; e os grandes trabalhos não nos perturbam tanto como os pequenos em grande número. Enceta, pois, os trabalhos com o espírito tranquilo, como vão vindo, e despacha-os segundo a ordem em que se apresentam; se quiseres fazer, pois, tudo ao mesmo tempo e em confusão, farás demasiados esforços, que te consumirão, e de ordinário nenhum outro efeito obterás que um abatimento completo, em que sucumbirás.

Em todos os negócios, confia unicamente na Providência Divina, que só lhes pode dar bom êxito; age, no entanto, por tua vez, com aplicação razoável e prudência, para trabalhares sob a sua direção. Depois disso, crê-me que, se confias em Deus, o resultado será sempre favorável a ti, seja que o pareça ou não ao juízo de tua prudência.

 


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