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Últimas palavras para sua enfermeira: “eu velarei por ti pelo que fizeste”

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Silvia Lucchetti - publicado em 03/04/20
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Uma mulher, antes de morrer de COVID-19 num hospital de Turim, conseguiu se despedir de sua família graças a uma videochamada fornecida por sua enfermeira por meio de seu smartphone. Um gesto que ela quis agradecer profundamenteO prefeito de Volvera, uma pequena cidade na província de Turim, publicou há alguns dias um forte testemunho enviado a ele por uma enfermeira no Hospital San Luigi, em Orbassano.

A carta começa começa esclarecendo as motivações da enfermeira:

Nesta carta, eu não gostaria de descrever a situação com os dados publicados pela mídia: números, estatísticas, decretos e proibições. Gostaria de transmitir o ponto de vista de pacientes com COVID-19 e profissionais de saúde. O coronavírus é muito mais que um vírus devastador.

O que se segue é um testemunho duro do que está acontecendo nas unidades de terapia intensiva dos hospitais pelo mundo, mas, acima de tudo, o testemunho dramático que afeta pacientes, parentes e profissionais de saúde, em uma experiência de sofrimento indescritível, em meio à qual, no entanto, surgem raios de luz que alimentam a esperança.

Nos hospitais, onde paira o fantasma ameaçador da morte, a luta que se realiza incansavelmente não é apenas pela vida, mas também pela dignidade humana.

O Covid-19 tem o poder de fazer com que os doentes se sintam reduzidos a corpos entubados, condenando os membros da família a sofrerem a culpa da ausência no momento sagrado da morte.

Isso tem um grande efeito sobre o coração da aqueles que estão envolvidos no tratamento, forçando-os a evitar cruzar o olhar com aqueles de quem cuidam, fazendo de tudo para perseverar diante do enorme esforço a que são chamados.

Uma mãe de 4 filhos busca desesperadamente os olhos da enfermeira. O gesto dela a suaviza. Ela procura ser reconhecida como uma pessoa, mesmo que esteja morrendo.

Através de um telefonema, o médico comunica o mau prognóstico à família.

A enfermeira segura o telefone e, em meio àquele momento de dor, mãe e filhos se encontram pela última vez, com os olhos cheios de lágrimas e as palavras amorosas de despedida.

A enfermeira comenta em sua carta:

A paciente, em seguida, perdeu a consciência. Decidi sair e deixar o restante para os colegas. E vi que, conforme os procedimentos previstos, eles a desinfetaram, a envolveram em um lençol e a levaram ao necrotério. Sozinha… sozinha… Seus objetos pessoais colocados em uma sacola preta que será cremada.

“Obrigada”

Quando o carro fúnebre sai com o caixão, tudo parece perdido e sem sentido. O vírus teria triunfado, mas então ela se recorda das últimas palavras que a mulher lhe dirigira antes de perder a consciência:

Eu velarei por ti pelo que fizeste.

Essas palavras ressoam como uma bênção e esperança para todos, crentes e não crentes: diante dessa imensa tragédia, o único alívio de salvação é a nossa humanidade.

O post do prefeito Ivan Marusich:

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