Ela voltou a Nova York para trabalhar com pacientes com coronavírus. Foi sua chance de se reunir com o homem que a resgatou de um incêndio quando ela tinha 4 anos de idadeDeirdre Taylor é uma enfermeira de emergência. Ela tem 40 anos, é casada e tem 2 filhos. Em 1983, quando ela ainda era pequena, houve um incêndio em sua casa no Soho, em Nova York.
Diante dos gritos por socorro de sua mãe, um vizinho reagiu e foi procurar outro vizinho no mesmo quarteirão que era bombeiro: Eugene Pugliese.
Pugliese estava fora de serviço e verificando alguns canos de água em sua casa. Ele imediatamente largou o que tinha nas mãos e correu em direção ao fogo.
“Meu bebê!”
Ele foi até o patamar do sexto andar do prédio, de onde vinham as chamas, e resgatou a mulher que estava pedindo ajuda. Mas ela continuava gritando: “Meu bebê!”
Deirdre, de 4 anos, estava envolta em fumaça. “Entrei e encontrei uma menina inconsciente”, lembra Pugliese. Ele a levou para fora, realizou o procedimento de ressuscitação, e a garota finalmente recuperou a consciência.
Por esse ato heróico, Pugliese recebeu a Medalha Walter Scott de Mérito.
“Nunca mais a vi”
“Eu não a vi novamente depois disso, mas sempre me perguntei sobre ela”, explica Pugliese.
A notícia foi publicada em muitos jornais. Alguns deles traziam a fotografia do bombeiro com a menina nos braços.
Embora nunca mais o tenha visto, Deirdre Taylor gravou em seu coração aquele ato de heroísmo do bombeiro que salvou sua vida.
Tanto que ela havia emoldurado a capa do jornal e pendurado em uma parede de sua casa. O que ela não sabia era que, paralelamente, Pugliese também fizera o mesmo com o recorte de jornal.
O tempo passou e Deirdre se mudou para Alexandria, Virgínia. Ela nunca fora capaz de localizar o homem que salvara sua vida, mas ainda queria encontrá-lo novamente. Este ano chegou a oportunidade.
De volta a Nova York
Por causa da Covid-19, Deirdre aceitou uma oferta de emprego do Hospital Langone da Universidade de Nova York (NYU) no Brooklyn.
Em Deirdre, de volta à cidade, despertou o desejo de encontrar o homem que salvara sua vida. Afinal, se ela agora podia cuidar de pacientes com Covid-19, era porque Eugene a tinha resgatado.
“O que eu poderia fazer para localizá-lo? No 11 de setembro me fiquei me perguntando por ele, e eu esperava ter a oportunidade de agradecê-lo”, confessou.
“Eu sempre soube”, disse ela à CNN, “que estava quase perdendo a vida naquele dia. Sem ele, eu não estaria aqui. Eu tive uma segunda chance na vida graças a ele.”
Uma pista graças a outro bombeiro
De volta ao hospital no Brooklyn, um dia Deirdre contou sua história a um bombeiro. Ao saber da situação, ele a colocou em contato com um responsável do Corpo de Bombeiros de Nova York, que imediatamente se recordou de quem a enfermeira estava falando.
O capitão explicou que Eugene Pugliese estava aposentado e morava em Spring Lake, Nova Jersey. Ele lhe deu seu número de telefone e ela, assim que terminou o turno, não levou um minuto para ligar.
A conexão foi imediata. Eles estavam animados para se encontrar. “Nós dois sentamos lá chorando ao telefone”, disse Pugliese.
“Uma vida magnífica”
O bombeiro agora tem 75 anos e orgulha-se da menininha que ele salvou naquele incêndio, hoje transformada em esposa, mãe e enfermeira de emergência, pronta para cuidar das pessoas infectadas pelo coronavírus.
“Ela se tornou uma mulher notável com uma vida magnífica”, disse, emocionado.