Denúncia do Bispo de Sokoto: nas últimas semanas têm ocorrido diversos ataquesAgrava-se a onda de violência na província de Sokoto, situada na região norte da Nigéria. Segundo D. Matthew Kukah, “a situação está a piorar e o número de mortos é enorme” nesta zona, denunciando, em declarações à Fundação AIS, “a hipocrisia e pouca vontade” reveladas até agora pela comunidade internacional para ajudar a resolver este problema.
O Bispo de Sokoto apontou também o dedo ao governo nigeriano que se tem revelado incapaz de fazer frente aos bandos armados que pululam na região, nomeadamente do Boko Haram, um temível grupo jihadista que pretende instaurar um ‘califado’ na região norte do país.
Para o prelado, o governo da Nigéria é “fraco e corrupto” e é por isso “responsável pela degeneração do conflito” no país. Por seu lado, considera que a comunidade internacional “deve contribuir para o restabelecimento da ordem pública”.
De fato, nas últimas semanas têm ocorrido diversos ataques, inclusivamente na diocese de Sokoto, perto da fronteira com o Níger, havendo notícias de mais de sete dezenas de pessoas massacradas.
As palavras deste Bispo à Fundação AIS vêm sublinhar o alerta, no final de Maio, da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia [Comece] sobre a situação de perseguição às comunidades cristãs na Nigéria.
Esta entidade, que congrega representantes das conferências episcopais católicas dos 27 Estados membros da União Europeia, pediu “a toda a comunidade internacional” para “impedir a violência” neste país africano “e levar os criminosos à justiça”, apoiando ainda “as vítimas e promovendo o diálogo e a paz”.
Esse apelo, tal como a Fundação AIS então noticiou, surgiu na sequência de um número crescente de casos de violência contra os cristãos, nomeadamente da responsabilidade do Boko Haram, mas também dos pastores nómadas Fulani que têm vindo a revelar uma perseguição mortal contra agricultores cristãos.
“Segundo estatísticas recentes – disseram os responsáveis da Comece –, cerca de 6 mil cristãos nigerianos foram mortos desde 2015”. O que significa mais de mil por ano. De facto, o que se está a passar na Nigéria é de extrema gravidade e a denúncia dos graves atropelos aos direitos humanos, nomeadamente em relação aos cristãos, já mereceu, inclusivamente, tomadas de posição no Parlamento Europeu.
Já este ano, a 16 de Janeiro, recorde-se, foi aprovada uma resolução de condenação dos mais recentes ataques terroristas realizados “por grupos jihadistas” assim como por “militantes Fulani”. O Parlamento Europeu também condenou “a discriminação constante sofrida pelos cristãos nas regiões nigerianas onde a ‘sharia’ é aplicada”.
A Nigéria é um país prioritário para a Fundação AIS. Só no ano passado foram promovidos 121 projectos no valor global de quase 1,5 milhões de euros. Ajuda de emergência para as populações, apoio a sacerdotes, irmãs, seminaristas e catequistas e ainda a construção e reconstrução de igrejas, capelas e centros paroquiais são algumas das áreas onde se espelha a solidariedade dos benfeitores da AIS.
(Departamento de Informação da Fundação AIS)