Dom Pedro marcou sua vida pela solidariedade em relação aos mais pobres e sofridosO bispo espanhol Dom Pedro Casaldáliga, fervoroso defensor dos indígenas da Amazônia, faleceu neste sábado (8), aos 92 anos, no Brasil, onde estava instalado desde 1968.
A prelazia de São Félix do Araguaia, no estado de Mato Grosso, da qual Dom Casaldáliga era bispo emérito, anunciou em nota que o falecimento ocorreu pela manhã, no hospital onde estava em terapia intensiva por problemas respiratórios, em Batatais, próximo a São Paulo.
Ele sofria do Mal de Parkinson.
Nascido em 1928 em Balsareny, na Catalunha, foi ordenado padre em 1952 e partiu em missão a São Félix do Araguaia, no coração da Amazônia, em 1968, em plena ditadura militar.
Ele se opôs ao regime e aos grandes proprietários de terras, defendendo os trabalhadores sem terra e os povos indígenas.
Vivendo sob a constante ameaça de assassinos de aluguel contratados por latifundiários, foi um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Conselho Indígena Missionário (Cimi), duas organizações-chave na luta pela justiça social no Brasil.
Na Espanha, onde a notícia da morte de Casaldáliga ocupou grande espaço na mídia, a porta-voz do governo, María Jesús Montero, manifestou no Twitter seu “reconhecimento e gratidão” ao bispo, por dedicar sua “vida ao serviço dos pobres”.
Exéquias e sepultamento
A missa de exéquias celebra-se, em Batatais, neste domingo, 9 de agosto, às 15 horas, na capela do Centro Universitário de Batatais.
Na segunda-feira, 10 de agosto, o corpo segue para Ribeirão Cascalheira (MT), onde será velado no Santuário dos Mártires, ainda sem previsão de horário de chegada do corpo.
O sepultamento será em São Félix do Araguaia (MT), após o corpo velado no Centro Comunitário Tia Irene. A data ainda não foi divulgada.
Pesar dos bispos
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) se solidarizou com a Prelazia de São Félix do Araguaia e a Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria pelo falecimento de Dom Pedro Casaldáliga.
Em nota, a CNBB afirma:
“Dom Pedro marcou sua vida pela solidariedade em relação aos mais pobres e sofridos, fazendo de seu ministério, sua poesia e sua vida um canto à solidariedade. Preocupado em ‘nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar’, contempla agora o Deus da Vida, a quem buscou servir em cada pobre, em cada sofredor.”
(Com AFP e CNBB)