“Era sua missão estar ao lado das pessoas que sofrem”, disse o superior do padre TamerO sacerdote franciscano que se recusou a deixar os perigos da Síria no auge de sua recente guerra morreu de Covid-19. Padre Edoardo Tamer tinha 83 anos.
O New York Times, que tem escrito sobre pessoas importantes que sucumbiram à doença, relatou esta semana que o padre morreu no dia 12 de agosto.
Padre Tamer era um cristão maronita. Ele nasceu em 1937 em Sir El Danniyeh, no norte do Líbano. De fato, ele sentiu o chamado para a vida religiosa desde cedo.
Nesse sentido, “ele estava convencido de que havia sido chamado por Deus para ser frade e especificamente franciscano”, disse ao Times o padre Firas Lutfi, ministro regional franciscano da Síria, Líbano e Jordânia.
Trajetória
Primeiramente, o jovem Tamer tornou-se noviço no Convento de Santa Catarina em Belém, na Cisjordânia, em 1956. Nove anos depois, foi ordenado sacerdote em Jerusalém. Posteriormente, ele formou-se em teologia na Universidade de São José em Beirute.
Do mesmo modo, nas quatro décadas seguintes, o franciscano serviu em escolas, faculdades e paróquias em Harissa, no Líbano; Amã, Jordânia; Latakia, Síria; Alexandria, Egito; e Jericho, na Cisjordânia.
Consequentemente, ele foi designado para o Mosteiro de Santo Antônio de Pádua em Aleppo, Síria (2007), onde atuou como superior e diretor do centro recreativo paroquial.
Proximidade das pessoas
Padre Lutfi disse que o padre Tamer, que foi vítima da covid, gostava de ouvir confissões para dar às pessoas “esperança e paz”.
“Ele era hábil em traduzir textos religiosos do italiano para o árabe. De forma notável, traduziu um tratado medieval sobre espiritualidade de São Boaventura.”
No entanto, a guerra civil na Síria estourou em 2011. E ela levou a uma campanha de bombardeio pelo governo sírio e seus aliados russos contra rebeldes armados. Em consequência disso, as bombas bairros inteiros de Aleppo.
Guerra
Na verdade, os cristãos da cidade, há muito uma pequena minoria e divididos entre diferentes seitas, emigraram em grande número durante a guerra. De fato, as estimativas do número de católicos restantes estão na casa dos milhares.
Mas o padre Tamer fez questão de ficar. Antes de tudo, ele gostava de celebrar a missa, acolher os visitantes e as pessoas que procuravam refúgio dos combates.
“Ele disse: ‘vou viver aqui e vou morrer aqui, se for o que tem de acontecer’”, conta o padre Lutfi. Assim, “ele decidiu ficar em Aleppo durante esta situação muito crítica”.
Enfim, “foi sua decisão ficar e continuar seu serviço na Síria, apesar do bombardeio, da guerra e da covid”, explicou o superior. Afinal, era sua missão “estar ao lado de pessoas que sofrem”.
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