Livro trata da obra de São Rafael Arnáiz Barón, santo espanhol do século XXEis a obra recém-lançada pela Editora Professio Fidei, de Jundiaí (SP). A este livro, que tem por subtítulo “Último diário de São Rafael”, dedicamos o presente artigo.
Antes de tratar da obra de São Rafael Arnáiz Barón, santo espanhol do século XX, convém dizer algumas palavras a seu respeito e sobre o instituto religioso a que pertence: a Ordem Cisterciense da Estrita Observância, popularmente conhecida como Trapista.
Pois bem, nosso santo nasceu em Burgos, na Espanha, em 9 de abril de 1911, de família católica e aristocrática. Aos 19 anos, estando na casa de seu tio, em Ávila, foi incumbido de levar uma carta ao abade do mosteiro de San Isidro de Dueñas. Esse encontro com os monges e, sobretudo, a audição do canto da Salve Rainha, em latim, ao final das Completas – último ofício litúrgico do dia –, mudará para sempre a sua vida. Afeito a desenhos, estudou ainda por dois anos na escola de arquitetura de Madri, mas, no seu interior, era grande o desejo de tornar-se monge trapista, apesar de sua frágil saúde física. Em 15 de janeiro de 1934, ingressou, como postulante, na Trapa de San Isidro de Dueñas com o firme propósito de ser santo. Era muito humilde, penitente, devoto de Nossa Senhora e do Santíssimo Sacramento. Diagnosticado com diabetes sacarina, teve de deixar o mosteiro. Voltou, mas como oblato regular (leigo que não emite os votos monásticos e é dispensado de certas atividades comunitárias), uma vez que seu estado de saúde não lhe permitia ser monge no ritmo severo da Trapa. Por circunstâncias alheias à sua vontade, ainda sairá do mosteiro e a ele voltará outras três vezes. Em 15 de dezembro de 1937, lá regressa pela última vez e entrega, em 26 de abril de 1938, sua alma a Deus. Foi canonizado por Bento XVI, no dia 11 de outubro de 2009, em Roma (cf. p. 13-29).
Sobre a Ordem trapista – que o tradutor coloca apenas breve nota na página 15 – sabemos tratar-se de um instituto contemplativo que segue a Regra de São Bento, confeccionada no século VI, na Itália. Traz ela uma forma de viver o Evangelho à luz da sabedoria monástica antiga e caracterizada pela oração comum e individual, bem como pelo trabalho manual e a leitura orante da Palavra de Deus (a Lectio Divina). No entanto, essa Regra é seguida de acordo com a interpretação dela feita, no século XII, pelos santos Roberto, Alberico e Estêvão, fundadores de um novo mosteiro num local isolado chamado de Cister. A intenção desses santos era voltar à pureza e à simplicidade da Santa Regra, aspectos que eles julgavam ter sido deixados de lado no decorrer dos tempos. No século XVII, Armand Jean le Bouthillier de Rancé, abade do mosteiro cisterciense de Nôtre-Dame de la Trappe (daí o nome trapista), foi responsável por uma nova reforma que visava voltar à origem austera das raízes de Cister. Teve sucesso, de modo que, no século XIX, o Papa Leão XIII aprovou a reforma, então solidificada, como uma nova Ordem religiosa na Igreja: Cistercienses da Estrita Observância ou Trapistas.
Feito este percurso introdutório, José Eduardo Câmara, o tradutor, nos diz que, nesse livro publicado pela primeira vez no Brasil, encontramos “límpida e transparente a alma deste enamorado de Deus, nos últimos meses de sua vida, tão breve vida. Vemos com grande admiração, a obra maravilhosa do Espírito Santo em sua alma. Vemos uma alma consumida pelo Amor…” (p. 13). Para o Pe. Antônio Royo Marin, O.P., “o Irmão Rafael foi, teórica e praticamente, um dos maiores místicos do século XX” (idem).
Realmente um grande místico que se entregou totalmente a Deus e não quis senão estar com Ele, nesta e na outra vida. “Não importa sofrer e padecer, se Jesus aceita minha oblação. Eu lhe dei o coração…, lhe dei minha vontade… Agora, lhe dou minha vida. Já nada me sobra mais que morrer quando Ele quiser” (p. 67). Ainda: “[…] Não tardes, Senhor! Veja que teu servo Rafael tem pressa de estar contigo…” (p. 51).
Muito recomendamos essa preciosa obra. Sua profundidade espiritual fará – é certo – o leitor atento desculpar alguns erros gráficos presentes nessa primeira edição.
São Rafael Arnáiz Barón, rogai por nós!
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