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240 pessoas pegam coronavírus em abrigo católico e nenhuma tem sintomas

Pe. Omar Sánchez, da Associação das Bem-Aventuranças

Pe. Omar Sánchez, da Associação das Bem-Aventuranças

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Francisco Vêneto - publicado em 30/11/20
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Dos 262 moradores da Casa Abrigo, 92% se contaminaram, de bebês e crianças a adultos e idosos carentes, muitos deles já com outras doenças240 pessoas pegam coronavírus em abrigo católico e nenhuma tem sintomas: o fato surpreendente aconteceu em Lima, no Peru.

Segundo o pe. Omar Sánchez Portillo, a doença atingiu 92% dos 262 moradores da Casa Abrigo da Associação das Bem-Aventuranças, na capital do país. A entidade, aliás, acolhe de bebês e crianças até adultos e idosos em situação de abandono ou vulnerabilidade. Além disso, muitas das pessoas acolhidas estão doentes ou são portadores de necessidades especiais.

Mesmo assim, todos os que foram contaminados pelo coronavírus não apenas sobreviveram como nem sequer apresentaram os sintomas da doença, que, no entanto, poderia ter sido catastrófica devido à fragilidade da maioria dos atingidos.

Pe. Omar Sánchez, da Associação das Bem-Aventuranças

Fr. Omar Sánchez Portillo via ACI

Pe. Omar em um de seus trabalhos com pessoas que têm a Síndrome de Down

240 pessoas pegam coronavírus em abrigo católico

Em entrevista ao jornal El Comercio, o mais importante do Peru, o pe. Omar confirmou que as 240 pessoas infectadas se mostraram”absolutamente assintomáticas”, por mais que a maioria tivesse outros quadros de saúde que poderiam ter complicado a sua situação. De fato, o padre observou que muitas delas precisam de auxílio para respirar, mas por outros motivos. E ele complementa:

“Todos passaram pela covid-19 sem gravidade, graças a Deus. O primeiro caso foi um idoso que recebemos. Ele infectou a enfermeira, que tem contato direto com 80% da casa. Mas que 100% dos infectados tenham ficado assintomáticos é um milagre”.

Além disso, as poucas pessoas não contaminadas (entre as quais ele próprio) são justamente as que mais têm contato com gente de fora, já que organizam a distribuição de cestas básicas e marmitas em praticamente todas as regiões carentes de Lima. O pe. Omar, aliás, é reconhecido na cidade justamente por causa desse trabalho de ajuda aos mais necessitados, potencializado durante a pandemia.

O sacerdote afirmou a El Comercio:

“Se eu for infectado, eu morro. Tenho diabetes, problemas de coração e obesidade. Ganhei na loteria neste caso! Temos confiança em Deus e nós também nos cuidamos. Peço a ajuda d’Ele e Ele me deu a inteligência para ser cauteloso”.

A ajuda aos necessitados não pode parar

OMAR SANCHEZ

@AsociaciondelasBienaventuranzas

Associação das Bem-Aventuranças

O pe. Omar já pensa nos próximos projetos de ajuda à população carente, porque o trabalho não pode parar:

“Queremos contribuir para resolver os problemas de sempre: desnutrição, má nutrição, tuberculose… Não queremos mais dar apenas cestas, mas organizara as pessoas para que elas consigam se sustentar sozinhas”.

Para ajudar a gerar essa renda, os projetos disponibilizados focam em reciclagem, hortas orgânicas, montagem de painéis solares e formação de mulheres empreendedoras, por exemplo.

Como se não bastasse, o padre capitaneou uma iniciativa da diocese de Lurín que doou dezenas de cilindros de oxigênio para doentes de covid-19. Ele também colabora num projeto de atendimento médico gratuito e no aluguel de 77 imóveis para famílias que foram despejadas porque não conseguiram pagar o aluguel após ficarem sem emprego devido à pandemia.

A solidariedade das doações

Para custear tantas atividades sociais, o padre tem que dar um jeito de arrecadar 55 mil dólares por mês. Ele comenta:

“Nós sustentamos a casa abrigo e três creches. 57% dos custos são cobertos por pessoas ou empresas que nos doam mensalmente, em dinheiro ou com produtos. Tem um grupo brasileiro, por exemplo, que não deixa faltar frango. Tem outra pessoa que doa arroz e óleo. Outra paga a conta da luz, outra da água… Os 43% restantes dependem da Providência. E é o que vem todos os dias nas doações”.

As necessidades, de fato, não param de crescer:

“No ano passado éramos 180. Agora, 262. As ajudas permitem atender mais pessoas”.

E ajudar os outros acaba sendo também a melhor ajuda para si próprio:

“Eu não tive tempo de me sentir deprimido, isolado. Vejo maravilhas todos os dias. Tem um salmo que eu sempre repito: ‘O Senhor fez por nós grandes coisas; exultamos de alegria'”!


PERU
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