Cristo Redentor ganhará Via Sacra como parte das comemorações pelos 90 anos da sua inauguração: as 14 estações que recordam a Paixão e Morte de Jesus Cristo deverão estar instaladas junto ao monumento até o final deste ano.
A iniciativa será executada em parceria entre a Arquidiocese do Rio de Janeiro e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Desde a assinatura do contrato, em fevereiro, equipes de trabalho têm realizado os estudos necessários para definir o percurso da Via Sacra, bem como a sinalização que deve compor o trajeto.
A estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro tem 30 metros de altura e se assenta sobre um pedestal de mais 8 metros, o que faz com que a altura do monumento como um todo some 38 metros. Inaugurado em 1931, o Cristo Redentor se localiza no topo do morro do Corcovado, dentro do Parque Nacional da Tijuca.
A partir desse ponto, situado 709 metros acima do nível do mar, tem-se uma vista panorâmica das mais emblemáticas do Brasil e uma das mais belas do mundo, segundo pesquisas de diversas agências e veículos de comunicação a respeito de lugares e paisagens destacados.
De fato, o Cristo Redentor foi eleito em 2007 como uma das novas 7 maravilhas do mundo. No ano seguinte, o Iphan o inscreveu no Livro do Tombo Histórico. Em 2012, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) o incluiu na lista de Patrimônios da Humanidade.
Com a nova iniciativa da arquidiocese do Rio, o Cristo Redentor ganhará a Via Sacra já neste ano, o que reforçará o fato de que não se trata prioritariamente de um "ponto turístico", e sim de um monumento eminentemente católico.
A Via Sacra, ou Via Crúcis, é uma antiga tradição da Igreja que remonta ao século IV, quando os cristãos se dirigiam em peregrinação à Terra Santa e lá percorriam os lugares sagrados da Paixão de Cristo, ao longo da Via Dolorosa, em Jerusalém.
Visando proporcionar a todos os cristãos a oportunidade de refletir e contemplar os passos de Jesus entre a condenação à morte e o sepultamento, foi sendo gradualmente desenvolvida a prática devocional de percorrer essas etapas junto a estações indicativas instaladas junto a igrejas, oratórios, monumentos cristãos…
O número de etapas da Via Sacra também foi sendo definido ao longo do tempo, até chegarmos, no século XVI, ao atual formato de 14 estações.
O Papa São João Paulo II sugeriu uma 15ª estação: a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. De fato, a contemplação da Ressurreição acrescenta à Via Sacra o seu sentido mais profundo, já que a nossa fé não teria sentido se tudo tivesse acabado no sepultamento de Jesus.
Os fiéis, no entanto, têm a opção de acrescentá-la ou de ater-se especificamente à contemplação apenas da Paixão e Morte, que são o tema tradicional da Via Crúcis ("Caminho da Cruz", em latim). A tradição de finalizar a Via Crúcis no sepultamento de Jesus tem relação com o fato de que esta prática devocional é característica principalmente da Quaresma, período litúrgico em que se aguarda a Páscoa para poder finalmente celebrar a vitória de Cristo na Ressurreição.