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Políticas públicas para os migrantes

MIGRANTS
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Padre Judinei Vanzeto - publicado em 03/06/21
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Na acolhida e escuta da realidade dos migrantes observamos a dor psicológica frente aos impactos da pandemia em suas vidas

Nesse tempo de pandemia, infelizmente, ouvimos muito falar sobre a primeira, segunda e terceira onda do novo coronavírus. Ouvimos sobre morbimortalidade imediata por covid-19, impacto da restrição de recursos e interrupção dos cuidados em condições crônicas, que levou milhares de pessoas a óbito. Além disso, ouvimos falar que vem a quarta onda, ou seja, o impacto na saúde mental. 

No tocante ao impacto na saúde mental, trago presente a realidade dos migrantes haitianos, senegaleses e outros grupos presentes no Sudoeste do Paraná. Temos observado essa realidade a partir do trabalho realizando enquanto Pastoral do Migrante da Igreja Católica. Essa pastoral é um serviço de acolhida e escuta aos migrantes. 

Nessa acolhida e escuta da realidade dos migrantes observamos a dor psicológica frente aos impactos da pandemia em suas vidas. Imagine o impacto cultural e o choque de realidade. Deixaram sua pátria em busca de uma vida melhor. Sofriam muito e saíram na esperança de uma vida melhor em outro país. 

Os migrantes têm mais dificuldades para encontrar um emprego, pagar aluguel e enviar um montante para esposa e filhos. Muitas empresas não dão emprego para estrangeiros. Além disso, quando ficam doentes têm dificuldade em ter acesso aos serviços de saúde pública por dificuldade na comunicação. Muitos municípios têm dificuldade em atendê-los através das suas secretarias de assistência social. 

Diante de tudo isso qualquer pessoa pode ter uma crise psicológica. Por isso, especialmente, entre os migrantes, temos percebido ataques de surtos psicóticos. Desencadeado por falta de trabalho, alimento e saudades da família. O que fazer diante de um quadro desses? Como eles estão sendo atendidos em suas crises emocionais? Há algum serviço público atento para essa demanda? Quem sabe, como uma solução imediata, os municípios criarem um conselho municipal do migrante. A Igreja Católica, perita em humanidade, já vem desenvolvendo um trabalho fantástico junto aos migrantes e enseja contribuir com os órgãos públicos nesse cuidado. 

Assim sendo, a Igreja Católica promoverá de 13 a 20 de julho a Semana do Migrante, com o tema: “Migrante e Diálogo” e o lema: “Quem bate a nossa porta?”. Como disse o Papa Francisco aos colaboradores da Seção Migrantes e Refugiados do Discatério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral:  “Acolher quem bate à nossa porta, seja ele um estranho ou um doente, é acolher Jesus”.

Ainda, em mensagem para o 107º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o Papa chama atenção para o “Rumo a um nós cada vez maior”. 

Nesta esteira, o pontífice recorda o projeto criador de Deus: “Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher. Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei, multiplicai-vos” (Gn 1, 27-28). Deus criou o homem e mulher, seres diferentes e complementares para formarem, juntos, um nós destinado a tornar-se cada vez maior com a multiplicação das gerações. Deus criou-nos à sua imagem, à imagem do seu Ser Uno e Trino, comunhão na diversidade.

E quando o ser humano, por causa da sua desobediência, se afastou d’Ele, Deus, na sua misericórdia, quis oferecer um caminho de reconciliação, não a indivíduos isoladamente, mas a um povo, um nós destinado a incluir toda a família humana, todos os povos: “Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21, 3).

A história da salvação vê um nós no princípio e um nós no fim e, no centro, o mistério de Cristo, morto e ressuscitado “para que todos sejam um só” (Jo 17, 21). Mas o tempo presente mostra-nos que o nós querido por Deus está dilacerado e dividido, ferido e desfigurado. E isto verifica-se sobretudo nos momentos de maior crise, como agora com a pandemia. Os nacionalismos fechados e agressivos e o individualismo radical desagregam ou dividem o nós (cf. Fratelli tutti, 11 e 105), tanto no mundo como dentro da Igreja. E o preço mais alto é pago por aqueles que mais facilmente se podem tornar os outros: os estrangeiros, os migrantes, os marginalizados, que habitam as periferias existenciais.” 

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